Marina ironiza ingresso de Afif, antigo rival do PT, no governo
Ex-senadora reclama de "operação de guerra" contra a criação da sua Rede
Biaggio Talento
SALVADOR
A ex-ministra Marina Silva ironizou a posse de Guilherme Afif Domingos (PSD) no Ministério da presidente Dilma Rousseff, pouco antes de uma plenária em Salvador de coleta de assinaturas para a criação do partido Rede de Sustentabilidade.
Marina lembrou a disputa presidencial de 1989, quando Lula e Afif foram adversários.
- O ministro Afif Domingos colocou o Muro de Berlim (no seu programa eleitoral) para tentar assustar a população contra Lula. Agora, parece que eles removeram o muro que havia entre eles. Se é que havia - ressaltou Marina.
Sentimento de traição
Envolvida numa disputa para garantir direitos dos novos partidos ao Fundo Partidário e a tempo de TV, a ex-senadora voltou a reclamar do que qualificou de verdadeira "operação de guerra" para inviabilizar as novas legendas.
- O grande medo das pessoas é o de ideias novas, pessoas novas. Tem pessoas aí que devem estar assustadas com suas próprias sombras - atacou Marina, emendando: - Quando o PT surgiu, como ideia nova e inovadora, foi feito de tudo para inviabilizá-lo.
O presidente Lula sabe quanto foi difícil. Nunca imaginei que o governo e o PT fossem se juntar com o que há de mais atrasado no Congresso para fazer conosco o mesmo que fizeram com ele.
Marina ressalvou a posição de alguns petistas que se manifestaram contra o projeto que dificulta a organização de novos partidos:
- Obviamente que tem aqueles que têm dois pesos e duas medidas, e esses estão aplicando em nós o que não aplicaram no partido do (ex-prefeito Gilberto) Kassab (o PSD), que é claramente da base do governo e recebeu agora o 39º ministério.
Para Marina, a antecipação da eleição presidencial é muito ruim para a democracia, para a gestão pública e para a política.
- As pessoas preferem ficar no ruído eleitoral para não discutir os problemas - afirmou, referindo-se ao risco de volta da inflação e aos desafios de uma educação de qualidade e de um novo modelo de desenvolvimento.
Ameaças à democracia
Marina reafirmou que, se a liminar do ministro Gilmar Mendes, que barrou a tramitação do projeto dos novos partidos no Senado, for derrubada no plenário do Supremo Tribunal Federal, e o Senado aprovar a matéria, ela pretende entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade no STF.
No entendimento da ex-senadora, há, no momento, três "ameaças" à democracia em tramitação no Congresso.
- Uma é a que tira a competência do Ministério Público para fazer investigação; outra é a que dá ao Congresso a prerrogativa de validar ou não as decisões do Supremo; e a terceira, a que fere o pluripartidarismo e o princípio da isonomia, já que, numa mesma legislatura, (benefício) foi concedido a outros partidos.
A ex-senadora está confiante de obter o número de assinaturas necessário para a formação do Rede até setembro, prazo-limite para quem vai participar das eleições de 2014. Lembrou que, em três meses, já conseguiu 300 mil assinaturas. O número buscado é de 550 mil até o fim do prazo. Na Bahia, a comissão provisória obteve dez mil.
- Estamos trabalhando para conseguir entre 650 mil e 700 mil assinaturas - disse Marina.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário