Senador escapa para o Brasil: Fuga nas barbas de Evo Morales
O Itamaraty anunciou que vai investigar a fuga do senador oposicionista boliviano Roger Pinto da embaixada brasileira em La Paz, onde ficou asilado por 455 dias, para o Brasil em carro diplomático. A Bolívia comunicou a evasão do político — que é processado por corrupção, mas alega ser perseguido pelo presidente Evo Morales — à Interpol, mas evitou polemizar com o governo brasileiro.
Itamaraty abrirá inquérito sobre fuga de senador ao Brasil
La Paz evita polemizar após saída de embaixada em carro diplomático
BRASÍLIA
Depois de passar mais de um ano asilado na embaixada brasileira em La Paz, o senador oposicionista boliviano Roger Pinto Molina chegou a Brasília na madrugada de ontem, mesmo sem ter salvo conduto do governo da Bolívia para deixar aquele país, fato que levou as autoridades locais a anunciarem que vão acionar a Interpol e tomar as medidas cabíveis no Direito Internacional.
De acordo com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Molina - que enfrenta processos por corrupção, mas alega ser perseguido pelo governo de Evo Morales - viajou para a cidade fronteiriça de Corumbá (MS) num carro da embaixada do Brasil.
Roger
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que abrirá inquérito para apurar o ingresso do político em território brasileiro. O Itamaraty informou que não teve conhecimento anterior ao episódio e que tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis. O anúncio causou mal-estar na embaixada em La Paz, segundo fontes diplomáticas.
Embaixador de férias
Com a chegada de Pinto Molina ao Brasil nessas condições, o chanceler Antonio Patriota cancelou viagem oficial à Finlândia para companhar o caso. Em nota, o Itamaraty afirmou que foi informado no sábado do ingresso do senador em território brasileiro e que chamara a Brasília o encarregado de negócios do Brasil em La Paz, ministro Eduardo Saboia, para prestar esclarecimentos. O embaixador Marcel Biato está de férias.
Molina é líder da oposição no Congresso boliviano e - com mais de 20 processos contra ele abertos na Justiça - acusa o governo de Evo Morales de usar os tribunais para persegui-lo politicamente. Ele foi condenado a um ano de prisão por suposto envolvimento em caso de corrupção. Em junho de 2012, dez dias depois de se abrigar na embaixada do Brasil em La Paz, o governo brasileiro lhe concedeu o asilo.
- Superados esses 455 dias que foram de lamento, de sofrimento, de deterioração da saúde, vou me colocar à disposição das autoridades brasileiras para ratificar as denúncias que fiz de relações perigosas de pessoas do governo Evo Morales relacionadas com narcotráfico e corrupção, e com instituições perigosas do próprio país - afirmou Molina à GloboNews, ao chegar ao país. - Pedi para o presidente Evo Morales investigar e ele optou, como sempre, pelo insulto, pela calúnia, pela desqualificação da oposição.
ministra: "relações não foram afetadas"
O senador também tachou de forjada a acusação de desvio de US$ 1,5 milhão. O governo boliviano evitou polemizar com o Brasil sobre a fuga:
- Não temos que exagerar. Precisamos ser muito prudentes com o Brasil porque é o Roger Pinto no meio de uma dinâmica comercial de US$ 2 bilhões ou US$ 3 bilhões - afirmou o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.
Mesmo com o senador agora considerado um fugitivo da Justiça pela Bolívia, o tom de cautela foi reforçado pela ministra de Comunicação, Amanda Dávila, que minimizou os possíveis reflexos nas relações bilaterais. Ela disse que La Paz ainda vai avaliar os informes sobre o caso "antes de adotar qualquer decisão ou tirar conclusões apressadas".
- A fuga do senador não afeta nem afetará as relações bilaterais com o Brasil, que se mantêm em absoluta cordialidade e respeito - disse a ministra.
adicionada no sistema em: 26/08/2013 04:14 |
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