Tancredo lidera lista de presidentes homenageados no ensino público
Getulio Vargas aparece em segundo e Castello Branco, em terceiro
Das mais de 170 mil escolas públicas no Brasil, 3.135 têm nomes de presidentes, segundo levantamento do GLOBO com base em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira ( Inep), incluindo aí Tancredo Neves, que morreu antes de tomar posse, em 1985. O político mineiro, aliás, é justamente quem lidera o ranking, com 549 instituições de ensino batizadas em sua homenagem. O aliado de Ulysses Guimarães é seguido por Getúlio Vargas (1930 a 1945 e 1951 a 1954), com 492 colégios no país.
A “medalha de bronze” fica com o primeiro governante da ditadura militar, marechal Castello Branco (1964 a 1967), com 464 escolas. Já o ex-presidente João Goulart (1961 a 1964), deposto pelo golpe de 1964, tem 34 unidades com seu nome. Juntos, os cinco presidentes do Regime Militar estão “eternizados” em 976 escolas. Há 295 unidades Arthur da Costa e Silva (167 a 1969), 160 que homenageiam Emílio Garrastazu Médici (1969 a 1974) e 34 com o nome de Ernesto Geisel (1974 a 1979).
Responsável pela abertura política, João Figueiredo (1979 a 1985) foi contemplado com 23 escolas. — Quem governa escolhe o homenageado.
Quando a situação muda, ocorre uma inversão de valores — observa Rodrigo Pato de Sá Motta, professor de História da UFMG. — Castello Branco ainda é visto como responsável por salvar o Brasil do comunismo, e o militar menos agressivo da ditadura. Jango foi tratado como responsável pela crise política e virou figura execrada por quem assumiu o poder.
A figura de Goulart ficou um pouco problemática mesmo após a redemocratização. Entre os ex-presidentes vivos, o senador José Sarney (PMDB) encabeça a lista, com 106 colégios batizados em tributo a ele. Num distante segundo lugar, está Luiz Inácio Lula da Silva, homenageado em oito escolas, seguido por Fernando Henrique Cardoso (seis) e Fernando Collor (cinco). A atual presidente, Dilma Rousseff, ainda não recebeu tal honraria. Mas o político da República mais laureado não foi presidente.
O jurista baiano Rui Barbosa perdeu duas vezes a corrida para a eleição presidencial, mas dá nome a 639 colégios. No Rio e em São Paulo, parlamentares discutem a mudança de nomes de logradouros que homenageiam figuras da ditadura militar como a Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói) e a Rua Sérgio Fleury, um tributo ao ex- chefe do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em São Paulo.
Em fevereiro deste ano, foi inaugurada a primeira escola com nome de preso político: o Colégio Estadual Stuart Edgar Angel Jones, em Senador Camará, Zona Oeste do Rio. Uma homenagem ao militante torturado até a morte durante o Regime Militar, em 1971.
adicionada no sistema em: 02/09/2013 01:18 |
Nenhum comentário:
Postar um comentário