Contexto: Um longo histórico de desvios
Há mais de uma década, denúncias atingem dirigentes do órgão
Criada em 1990, fruto da fusão da Companhia de Financiamento da Produção (CFP), da Companhia Brasileira de Abastecimento (Cobal) e da Companhia Brasileira de Armazenamento (Cibrazem), a Conab acumula um histórico de denúncias de fraudes e desvios em diferentes ocasiões.
Há mais de uma década, em 2001, o então presidente do órgão, Antônio Carlos da Silveira Pinheiro, perdeu o cargo após a revelação de irregularidades na compra de 1,5 milhão de cestas básicas para flagelados da seca no Nordeste.
Dez anos mais tarde, em 2011, um novo escândalo emergiu após o então diretor financeiro da Conab, Jucá Neto, ser demitido pelo ministro da Agricultura à época, Wagner Rossi. Em entrevista à revista "Veja" Jucá Neto saiu disparando e afirmou que a corrupção estava disseminada, tanto no órgão quanto no próprio Ministério da Agricultura.
Jucazinho, como e conhecido o irmão do senador Romero Jucá (PMDB-RR), foi demitido depois de autorizar — sem permissão e com verba que não poderia ser usada para esse fim — um pagamento para uma suposta empresa de fachada. Ele autorizou o pagamento de R$ 8 milhões de programas de apoio a agricultores para a conta geral da Conab e, em seguida, depositou o dinheiro na conta de uma empresa.
Na ocasião, Rossi — que também acabou demitido após os escândalos na pasta — chegou a anunciar uma faxina na Conab, começando pela área jurídica, por determinação da presidente Dilma Rousseff. Na mesma época, outra reportagem apontou o suposto envolvimento de Rossi em fraude eleitoral na Paraíba. Segundo a denúncia, oito mil toneladas de feijão, doadas à prefeitura de João Pessoa em 2007, foram guardadas para serem distribuídas em 2008, ano eleitoral, para favorecer candidatos ligados a ele. Quando o I esquema foi descoberto, os alimentos teriam sido jogados no lixo.
NOMEAÇÕES CONTROVERSAS
Em março de 2010, O GLOBO revelou que, quando presidiu a Conab, Wagner Rossi nomeou até presidentes de clubes de futebol do interior de São Paulo — Ary José Kara (Taubaté) e Virgilio Dalla Pria (Rio Preto) — como seus assessores. Eles não iam a Brasília. Um dentista de Ribeirão Preto também ocupou cargo na gestão de Rossi.
Quatro meses após o escândalo que resultou na queda de Rossi, a Controladoria Geral da União (CGU) apresentou auditorias que comprovavam denúncias relacionadas à pasta e apontou que a Conab pagou R$ 16 milhões a uma rede de empresas mantidas em nome de "laranjas" que beneficiou, em leilão, até um produtor rural já morto;
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Em fevereiro do ano passado, a Conab viu seu presidente, Evangevaldo Moreira dos Santos, pedir demissão depois de denúncias de suposto envolvimento em esquema de corrupção em Goiás. Em novembro, a Polícia Federal e a CGU investigaram pessoas ligadas a associações de produtores rurais, por suspeita de fraude no Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar.
adicionada no sistema em: 25/09/2013 01:29 |
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