O impacto das atitudes impopulares tomadas pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, preocupa a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e dirigentes do PT.
Candidato do partido à sucessão do governador Geraldo Alckmin (PSDB), em 2014, Padilha tem feito reuniões com parlamentares petistas para expor suas angústias e decidir como fazer decolar a campanha em um momento em que Haddad enfrenta forte desgaste.
No Palácio do Planalto, o comentário é que o prefeito age com "egoísmo" e "nunca pensa" se suas decisões vão atrapalhar a reeleição de Dilma ou a candidatura de Padilha.
Além de citarem o aumento do IPTU, auxiliares da presidente afirmam que Haddad deveria ter avisado o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD), possível aliado do PT na eleição para a Presidência, sobre a investigação da "máfia dos fiscais".
Em conversas reservadas, dirigentes do PT dizem que já viram esse filme em 2004, quando a então prefeita Marta Suplicy, hoje ministra da Cultura, criou vários impostos em São Paulo, como a taxa de lixo, e ficou conhecida como "Martaxa". Depois disso, Marta não conseguiu a reeleição.
Pesquisas que chegaram à cúpula do PT mostram que o desgaste na imagem de Haddad, após dez meses de governo, é muito grande, maior até do que na época dos protestos de junho, quando a Prefeitura foi obrigada a recuar do aumento na tarifa de ônibus.
Na tentativa de recuperar o prestígio do chefe, "vendido" na campanha como "homem novo", assessores do prefeito preparam uma estratégia de comunicação para colar nele o carimbo do gerente que faz "faxina", a exemplo de Dilma.
Presidente do PSD, Kassab tem afirmado que o tremor na relação entre os dois partidos, em São Paulo, não deve abalar a aliança de apoio à candidatura de Dilma. Dirigentes do PT dizem, no entanto, que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, se movimenta para fazer o PSB apoiar Kassab, e não Alckmin, em São Paulo. Se isso ocorrer, temem que Kassab avalize a chapa Campos-Marina Silva para o Planalto, em 2014. "Eu acho que o PT não pode só se preocupar com eleição. Quem critica as decisões do Haddad não está fazendo política, mas politicagem", provocou o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP).
Sem nunca ter disputado eleição, Padilha gostaria de sair logo do Ministério para percorrer o Estado e se tornar conhecido. A campanha do PT é considerada difícil diante das dificuldades que rondam a Prefeitura. Apesar dos pedidos do PT para antecipar a liberação de Padilha, Dilma só deverá substituí-lo em janeiro, quando pretende fazer uma reforma ministerial.
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