A visita de Bush ao Brasil deu mais uma prova da distância que existe hoje entre o presidente Lula e o antiamericanismo do PT:Desde a posse de Lula no segundo mandato, a distância entre Lula e a facção mais importante do PT, a paulista, rendeu várias disputas. O partido impôs a eleição do deputado Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara, contra a vontade de Lula. O presidente preferia a recondução do deputado Aldo Rebelo. A mais recente escaramuça refere-se à escalação de Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo, para o ministério. O PT paulista pressiona pela nomeação de Marta, hoje principal quadro do partido no Estado, para uma pasta de orçamento poderoso, como Educação ou Cidades. Lula resiste a convidá-la, por imaginar que a entrada de Marta no ministério pode se traduzir em pressões do PT para transformá-la em candidata à Presidência da República em 2010. Os próximos capítulos da disputa do PT com Lula já foram delineados, em conversas reservadas, pelo ex-ministro José Dirceu. Nome importante no PT, Dirceu afirma que o partido tem três prioridades estratégicas: uma política de educação voltada para a entrada dos jovens no mercado de trabalho, o combate à política conservadora do Banco Central e a luta pela adoção de uma política externa "independente" - aquela mesma que, até a aproximação entre Lula e Bush, parecia tanto orgulhar o PT. Com pragmatismo e sem ranço ideológico, Lula tratou de cultivar a simpatia de Bush - aproveitando também a distância do presidente americano de Fernando Henrique Cardoso. Bush via FHC como um intelectual afetado. Na simplicidade sincera de Lula, encontra vários pontos de contato. "Pessoas que participaram de encontros entre Lula e Bush dizem que eles se dão muito bem. Nenhum deles é extremamente sofisticado, não são grandes intelectuais e ambos gostam de lidar com gente", diz Peter Hakim. "Lula sabe que, sem o apoio americano, o Brasil nunca conseguirá uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, perderá influência nas negociações da Organização Mundial do Comércio e não será mais convidado aos encontros do Grupo dos Oito, dos países mais ricos do mundo." Enquanto os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Néstor Kirchner, organizam comícios contra Bush, Lula, em todas as ocasiões que se apresentaram, estendeu o tapete vermelho. Em 2005, abriu a Granja do Torto para um churrasco em recepção a Bush, depois de ele ter sido hostilizado por Chávez. Não por acaso, Lula virou uma referência de Bush como político a ser cortejado na estratégia americana de tentar conter a disseminação do antiamericanismo pregado por Chávez e tão admirado por boa parte dos petistas. (ISTOÉ Online, Andréa Leal e Wálter Nunes).
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