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terça-feira, março 06, 2007
ETANOL (EUA & BRASIL): 'SENADOR LUGAR' ESTÁ NO "LUGAR" ERRADO !
Lugar, que já presidiu os comitês de Agricultura e Relações Exteriores do Senado, comentou que será um ativo defensor da redução de tarifas. O senador acredita que este é um ''tema complexo'', mas julga ser necessário ''reduzir as tarifas para estimular o comércio''. Atualmente, o álcool brasileiro paga sobretaxa de US$ 0,54 por galão (R$ 0,30 por litro) para entrar no mercado americano. De acordo com o senador, além de ser benéfico para a economia, o corte de tarifas estimularia a liderança que Brasil e Estados Unidos desempenham no setor de biocombustíveis. ''Nós podemos compartilhar tecnologia com outros países da região e exercer nossa liderança. Espero que o presidente enfatize isso quando estiver no Brasil.'' O republicano disse, no entanto, que não pretende defender legislação propondo a redução tarifária. Essa tarefa, em seu entender, caberia ao setor de Finanças do Senado. Ele acredita, no entanto, que uma legislação sobre o tema acabará surgindo, mas que isso não se dará agora. ''No momento, estamos centrados em um debate amplo. Não sei ao certo como cada um votaria. Gostaria de estar confiante e prever aos amigos do Brasil que o rumo é favorável, mas o fato de que há um debate é algo novo.'' De acordo com Lugar, o momento é bem mais favorável a essa discussão, já que ''há uns dez anos, era temerário levantar um assunto desses". "A nossa legislação agrícola nunca permitiu esse tipo de aventura no que diz respeito a comércio, fosse com o Brasil ou com quer que seja''. O senador conta que o Congresso americano já teve duros debates sobre subsídios destinados ao açúcar. ''Pode-se até argumentar que etanol não é a mesma coisa que açúcar, mas os que defendem fortemente os subsídios para o setor dirão que ele é açúcar na forma de outra coisa. E que por isso é preciso ter cuidado. Existem todas essas fobias. Enfrentamos argumentos assim todos os dias", disse o senador. Lugar acredita que a viagem de Bush pode contribuir para que algumas dessas fobias sejam vencidas. ''A viagem será importante para realçar a relação com o Brasil e o motivo pelo qual devemos levar mais a sério essa relação", disse o senador. O senador está ciente de que enfrentará uma árdua batalha. Até mesmo dentro de seu próprio partido. Um dos que mais resistem à idéia de redução de taxas para o etanol importado é o senador republicano Charles Grassley. Recentemente, Grassley enviou uma carta ao presidente Bush expressando receios quanto à possibilidade de Brasil e Estados Unidos assinarem um acordo de co-produção de etanol a partir de cana de açúcar em um país do Caribe ou da América Central. Países pobres caribenhos ou os membros do Acordo de Livre Comércio da América Central são isentos de tarifas cobradas pelos Estados Unidos se produzem etanol em seus próprios países. Em seu texto, o senador [Grassley] acrescentou ainda que não conseguia entender ''porque os Estados Unidos cogitavam gastar o dinheiro do contribuinte americano para incentivar novas produções de etanol em outros países''. O senador também demonstrou receio de que o Brasil poderia se valer das nações caribenhas e centro-americanas para burlar as tarifas americanas. Grassley representa o Estado do Iowa, o maior produtor de milho dos Estados Unidos e, consequentemente, o maior produtor de etanol. Nos Estados Unidos, o etanol é produzido primordialmente a partir do milho. E produtores do cereal contam com fortes subsídios por parte do governo americano. Lugar é senador pelo Estado de Indiana, que também é um destacado produtor de milho e etanol. Ele acredita ser capaz de cooptar seu companheiro de partido. ''Eu e ele (Grassley) somos os únicos fazendeiros no Senado. Nós dois produzimos milho e soja. Mas não somos advogados dos fazendeiros. Temos terras e conhecemos esses assuntos muito bem. E ele é um fator crítico nesse debate.'' Lugar não acredita que irá desagradar a eleitores do meio rural ou a fazendeiros de seu Estado. ''Meu palpite é que eles entendem que eu sou um deles. Defendo a causa há muito tempo. Mesmo que eles discordem de mim nesse assunto, eles devem me dar algum crédito.'' (BBC Brasil).
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