Lula agora quer pressa na ‘limpeza’ da Infraero:
Às voltas com a perspectiva de instalação de duas CPIs –uma na Câmara e outra no Senado—Lula disse, em privado, que deseja ver concluídas o quanto antes as apurações que a CGU (Controladoria Geral da União) realiza na Infraero, a estatal que gerencia os aeroportos brasileiros. O presidente pediu pressa na divulgação de providências saneadoras. Além de rapidez, pediu “rigor.” A idéia de Lula é a de antecipar-se às CPIs. Deseja-se demonstrar a desnecessidade das investigações parlamentares, sob o argumento de que o governo já está tomando providências para corrigir irregularidades e punir os responsáveis pelas malfeitorias. Foi esse o espírito que norteou, na última segunda-feira (9), o
afastamento de quatro servidores da estatal submetidos à investigação da CGU. Lula agora quer mais. Deseja “produzir fatos”, segundo a expressão usada por um de seus assessores, em diálogo com o blog. Sentindo o cheiro de queimado, o ex-presidente da Infraero, Carlos Wilson (PT-PE), diz reservadamente que se sente abandonado pelo governo. Queixa-se de que o ministro Jorge Hage, chefe da CGU, vem vazando deliberadamente informações contra ele para jornalistas. O Planalto dá de ombros para os queixumes de Carlos Wilson. Ali, alega-se que ele foi acomodado na Infraero pelo ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu. O argumento soa oportunista. Até bem pouco, Lula e Carlos Wilson freqüentavam o noticiário como fraternais amigos. Privadamente, o presidente elogiava os canteiros de obras que o auxiliares plantara em aeroportos espahados pelo país. Obras que não têm resistido à análise da CGU, do TCU e do Ministério Público, que já providenciou inclusive a quebra dos sigilos fiscais e bancários dos gestores da Infraero. Simultaneamente, o governo intensificará nesta semana a articulação para tentar evitar a instalação da CPI do caos aéreo no Senado. A comissão da Câmara, que foi parar no STF por conta das manobras do governo para abortá-la, agora é vista como um mal menor. O problema é que parecem escassas as chances de um recuo da oposição no Senado. Pretende-se entregar o requisição da CPI a Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, até a próxima quarta-feira (18). O documento já ostenta 28 assinaturas, uma a mais o que o número mínimo exigido. A expectativa é de que chegue a pelo menos 32 apoios. Ainda não foram colhidas quatro assinaturas dadas como certas: a de Marco Maciel (DEM-PE), Kátia Abreu (DEM-TO), Demóstenes Torres (DEM-GO) e Almeida Lima (PMDB-SE). Líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN) diz que só haveria uma hipótese de recuo: um pedido expresso dos deputados que comandam a oposição na Câmara. Algo que imagina que não vai acontecer. De fato, os deputados do DEM estão fechados com a estratégia dos Senadores. O mesmo não ocorre em relação ao PSDB. Mas, a despeito de esboçar contrariedade, o líder tucano na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), disse ao blog que não pedirá para que a CPI do Senado seja refreada. “Um pedido como esses poderia ter dupla interpretação. E nós não faremos”, disse Pannunzio. A despeito da disposição, o deputado não se esquiva de dizer que a CPI do Senado não o entusiasma. Receia que haja um esvaziamento da iniciativa dos deputados. Teme, de resto, que a abertura de uma CPI no Senado, para investigar as mesmas coisas que seriam averiguadas na Câmara, leve o STF a interpretar que o mandado de segurança impetrado pela oposição “perdeu o objeto”.
Escrito por Josias de Souza, Folha Online.
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