'RCTV' sai do ar um minuto antes da meia-noite na Venezuela.
A emissora privada de TV "Radio Caracas Televisión" (RCTV) deixou de transmitir sua programação em sinal aberto neste domingo às 23h59 (0h59 de segunda-feira em Brasília),
por não ter sua concessão de freqüência estatal renovada pelo governo venezuelano. Como estava previsto, o canal mais antigo da televisão na
Venezuela saiu do ar após 53 anos de exibição no canal 2,
acusada pelo presidente Hugo Chávez de prejudicar o socialismo do século XXI. Na última hora de transmissão em sinal aberto, diretores e funcionários da "RCTV" se despediram de sua audiência com o slogan "Um amigo é para sempre" e a promessa de se reencontrarem no futuro.
Com lágrimas nos olhos, artistas, jornalistas e outros funcionários da emissora privada agradeceram ao público pelo apoio e por todas as demonstrações de solidariedade manifestadas nos dias anteriores à interrupção do sinal aberto da "RCTV". A freqüência será utilizada a partir desta segunda-feira (26) pela emissora "TVes", criada pelo governo do presidente Hugo Chávez. A emissora venezuelana "TVes", criada pelo governo venezuelano como uma "televisão de serviço público", entrou no ar nesta madrugada à 0h20 (1h20 de Brasília). A rede "TVes" começou a funcionar poucos minutos depois que o sinal aberto da "Radio Caracas Televisión" ("RCTV") foi encerrado. A "TVes" estreou sua programação com uma versão do hino nacional interpretada pela orquestra e coros juvenis e infantis comandada pelo famoso maestro Gustavo Dudamel.Em seguida foram exibidos pequenos vídeos promocionais explicando como será sua programação. Por fim, começou a ser transmitida uma festa de gala especial que aconteceu no teatro Teresa Carreño, em Caracas. Lil Rodríguez, presidente da "TVes", pronunciou algumas palavras nas quais destacou que acima do valor do petróleo, a Venezuela conta com o valor de sua gente.
Manifestantes em apoio à "RCTV" e membros da Polícia da Venezuela se enfrentaram neste domingo durante um protesto que acabou em violência diante da sede da Comissão Nacional de Telecomunicações, Conatel, em Caracas. Os distúrbios, com lançamento de garrafas e outros objetos por parte dos manifestantes, começaram pouco depois das 18h (19h de Brasília). Onze policiais ficaram feridos, quatro gravemente, ao serem atingidos por pedras durante a manifestação. Um grupo de pessoas, que participava da concentração contra a decisão do governo de não renovar a concessão da "RCTV", tentou forçar o cordão de segurança diante da sede da Conatel, no bairro de Mercedes, provocando a resposta das forças de segurança.
As forças de segurança usaram jatos de água para dispersar os manifestantes e lançaram bombas de gás lacrimogêneo. Outras pessoas que participavam da concentração pediam calma e que a manifestação continuasse de forma pacífica, como as marchas que foram organizadas até agora para protestar contra a saída do ar da "RCTV". Aliados do presidente Hugo Chávez convocaram uma manifestação nas avenidas centrais de Caracas para demonstrar apoio ao fim da concessão do sinal aberto da emissora, que o governo chama de "golpista" e de favorecer a elite econômica. Já os opositores da decisão do governo, que a consideram uma retaliação política, fizeram um ato na véspera com buzinas e panelas, denunciando o que chamam de atropelo da liberdade de expressão.
G1. [Funcionários da RCTV cantam o hino antes da emissora ser fechada (Foto: AFP)]
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