Aliviado, Sobel se prepara para reassumir o rabinato da Congregação Israelita Paulista.Embora ainda conviva com o peso da vergonha, o Rabino Henri Sobel recebeu com alívio a notícia de que poderá cumprir uma pena alternativa por ter sido acusado de furtar gravatas em uma loja de grifes nos Estados Unidos. Seus advogados negociaram com a promotoria norte-americana um acordo pelo qual prestará 100 dias de serviços comunitários a duas instituições sociais. Diante desse novo quadro, Sobel disse ao Jornal da Globo que já prepara a sua volta ao rabinato da Congregação Israelita Paulista (CIP) para junho deste ano. Sobel foi preso em março. Dois meses depois da detenção, o rabino afirma que não se recorda de tudo o que aconteceu. “Não me lembro os detalhes. Lembro-me daquilo que aconteceu depois, do meu depoimento na delegacia, em Palm Beach (Flórida, EUA). Mas o fato em si escapa completamente à minha consciência”, afirmou ao JG. O rabino mantém a tese de agiu sob a interferência de remédios. “Acredito naquilo que os médicos dizem, que foi uma overdose, uma dosagem exagerada de remédios. E isto mexeu com a minha química cerebral e mudou o meu comportamento”, afirmou. Apesar de jogar a culpa na medicação, Sobel admite que errou. “Não importa. Eu fico profundamente aborrecido, constrangido com aquilo que aconteceu. Aquilo jamais deveria ter acontecido. Ainda mais uma figura pública! Como explicar o inexplicável? Espero me arrepender. Não vou apagar aquilo que aconteceu, mas vou realmente tentar superar através de boas ações, de bons exemplos para compensar os maus exemplos”. Sobel está aliviado com o acordo obtido com a Justiça norte-americana. “Está definitivamente arquivado. Mas existem condições estipuladas a serem cumpridas. Serviços de 100 dias dedicados a uma entidade social sem fins lucrativos. Também um acompanhamento psicológico, visando à fiscalização dos remédios que eu tomava antes contra insônia e o estresse. Ainda estou tomando, mas em doses bem menores”. Durante a penalidade imposta pela Justiça o rabino vai se preparar para reassumir o CIP. Ele está esperançoso em recuperar a imagem arranhada nos EUA. “É preciso olhar para frente. Existe um ditado hebraico: ‘é melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão’. Eu pretendo acender muitas velas ainda. Eu volto à ativa daqui a pouco, em meados de junho, quando eu pretendo reassumir a presidência do rabinato da Congregação Israelita Paulista. Espero através do meu serviço social, pastoral e ecumênico dar novos exemplos e conquistar nova credibilidade”. Para Sobel, não é só à sociedade que ele está devendo explicações. “Eu preciso me redimir perante a mim mesmo e perante a sociedade que está me apoiando. Mas, principalmente, eu preciso me redimir perante Deus”, afirmou o rabino. “O perdão? Eu acho que o perdão mais importante antes de pedir perdão a Deus, é perdoar a si mesmo. Algo que eu pessoalmente tenho muita dificuldade em conseguir. Eu sou muito intolerante comigo mesmo. Ainda não cheguei a me perdoar”, emendou. Ao ser questionado sobre o fato de ter ou não consciência de que tinha feito algo errado, Sobel disse que rabinos, como humanos, podem errar. “Na hora das perguntas e respostas eu estava plenamente consciente dos erros. Não quero falar algo banal, mas rabino também comete erros, rabino também é humano. Isto não justifica, muito pelo contrário. Isto condena”, afirmou. O rabino admitiu que se sentiu humilhado ao ser detido e levado para uma cela. “Me senti profundamente humilhado, indigno de ser aquilo que eu sou. Mas olhando em retrospecto, e a cena não sai da minha cabeça, foi importante como uma lição de aprendizagem”. Sobel ainda permanece constrangido em falar da acusação de furto, de um vídeo gravado na loja onde o furto ocorreu. “Me mostraram as gravatas. Aí, eu reconheci o crime. Então, através de uma lógica A-B-C deu pra tirar conclusões. É muito dolorido falar sobre o crime dois meses depois. Nunca mais! Nunca mais! Aprendi uma lição”. O rabino já escolheu as entidades que serão beneficiadas com seus serviços sociais. “Uma entidade é o Lar das crianças da CIP, onde abrigamos 220 crianças, na maioria não judias, e a outra chama-se Unibes, também uma entidade exemplar da comunidade judaica”, disse. Sobel ainda falou sobre o dinheiro que levava no bolso, com o qual pagou a fiança. Ele admitiu ter US$ 3 mil. “Felizmente eu tinha o dinheiro, que foi confiscado na hora de entrar na delegacia. Mas esse dinheiro estava no meu bolso. E, portanto, eu tive condições de pagar. Três mil dólares. Eu não precisava furtar gravatas, pois poderia ter comprado dez vezes, ou seja 30 gravatas”. G1, Jornal da Globo; foto video-matéria.
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