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terça-feira, maio 08, 2007

RONDÔNIA: GOVERNADOR CASSOL [HIDRELÉTRICA, "BAGRES & TUBARÃO"] - 1a. parte


Energia importa mais que peixes, diz Cassol:
Dono de hidrelétricas, governador de Rondônia vende energia para o governo federal. Ele se diz "totalmente" favorável a projeto de implantar usinas no Rio Madeira.

Maior empresário do estado, com atuação nos setores agropecuário e de energia, o governador de Rondônia, Ivo Cassol (PPS), é grande defensor do complexo hidrelétrico do Rio Madeira, que corta o estado, apesar da controvérsia sobre o impacto ambiental da obra. O projeto das usinas está orçado em R$ 14 bilhões e é o principal do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado neste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O valor é quase 60% maior que o PIB do estado. A obra é objeto de controvérsia em razão do suposto impacto ambiental que poderá causar. “É mais importante a sua sobrevivência e a da sua família ou a dos peixes?”, questiona o governador, em referência às críticas de ambientalistas. Para Cassol, não fazer as usinas no Rio Madeira não será um problema para Rondônia. "Vocês aí que precisam, sob pena de ter de subir as escadas dos edifícios em Brasília e em São Paulo, sem elevador, e ficar no escuro", afirmou na última sexta-feira (4) ao G1.
Dois anos depois de gravar em vídeo, uma tentativa de extorsão feita por deputados em troca de apoio na Assembléia Legislativa, o governador - primeiro a se reeleger no estado - diz que ninguém mais se sente encorajado a fazer a ele propostas ilícitas. “Agora só querem falar comigo na piscina”, disse. Veja os principais trechos da entrevista, a segunda da série com governadores no G1.

Escândalo das fitas
G1 - O sr. gravou deputados que tentavam extorquir dinheiro em troca de apoio na Assembléia Legislativa. Como ficou seu relacionamento com a Assembléia Legislativa após esse episódio? Ivo Cassol - Na legislatura passada, não foi muito bom por causa da maneira como os deputados faziam política e sugavam o dinheiro público. Dessa assembléia nova, nós tivemos 19 deputados estaduais novos eleitos, de 24. Esses deputados estão dando um exemplo de economia, cortando despesas, demitindo servidores fantasmas que estavam no Nordeste, no Sul, em outros países. Nos primeiros três meses, economizaram R$ 8 milhões. G1 - Em outros países? Cassol - Ganhavam, mas estavam na Bolívia, Espanha, Portugal, Estados Unidos. Pessoas que ganhavam da Assembléia Legislativa, mas estavam em outros países. Faturavam à custa do estado sem trabalhar. G1 - A Assembléia entrou com alguma ação contra essas pessoas? Cassol - Entrou com processo administrativo para demissão. É o que eles fizeram. G1 - Nessa nova Assembléia, os deputados reeleitos não têm criado dificuldades para seu governo? Cassol - De maneira nenhuma. Mas, com os deputados novos, o presidente da Assembléia está tendo muita dificuldade, porque há uma pressão muito grande de alguns parlamentares para querer reviver o passado. G1 - Algum parlamentar tentou fazer algum tipo de proposta ilícita? Cassol - Não. Eles têm dificultado, quiseram tentar ter mordomias e reviver o passado, mas essa nova Assembléia Legislativa está moralizando o Poder Legislativo no estado. G1 - Mas houve alguma outra tentativa de achaque por parte de deputados? Cassol - Não para mim, mas eu tenho ouvido os próprios deputados reclamarem que há parlamentares que estão fazendo de tudo para que volte o passado, para ser tudo como antigamente. G1 - O sr. pode dar nomes? Cassol - Não tenho nomes. Como não tenho como provar, não posso falar. Se falar e não provar, me enrolo. Há alguns que achavam que podiam praticar a mesma coisa. E não estou me referindo aos que ficaram, estou me referindo a alguns dos novos. G1 - O sr. acredita que o episódio das fitas vai dar condenação a alguns dos envolvidos? Cassol - Eles vão responder criminalmente. O MP entrou com várias ações. Acho que é questão de tempo. A justiça está sendo feita. Quando não foram reeleitos, [a justiça] já estava sendo feita pelos eleitores. G1 - O sr. repetiria esse episódio? Voltaria a fazer uma gravação? Cassol - Se tivesse que fazer, sim. Mas agora ninguém mais fala nada comigo. Só querem falar comigo na piscina. Ninguém mais se sente motivado ou encorajado a falar comigo sobre coisas estranhas ou que não sejam de trabalho do dia a dia.
Má gestão
G1 - Apesar de ter feito essa denúncia, o sr. também sofre acusações de má gestão e irregularidades no uso de recursos públicos quando foi prefeito de Rolim de Moura, inclusive com ação no STF. Cassol - O que acontece é o seguinte: Em final de 2003, quando já era governador, tive um problema com o procurador do Ministério Público do estado. Sou o único governador do Brasil que tem um processo e que não negociou com os deputados para que não fosse processado, para poder provar minha inocência. Fui um exemplo para o Brasil. Me arrependo disso. G1 - Em Rolim de Moura, o problema foi com uma licitação? Cassol - Eu tive vários convênios com ministérios. Convênios de R$ 50 mil, R$ 100 mil, R$ 200 mil, R$ 1 milhão e até R$ 3 milhões. Em todos eu executei as obras. O promotor me denunciou porque disse que fragmentei a licitação. Acontece que cada convênio tem um plano de trabalho, um empenho, uma ordem bancária e uma conta e uma prestação de conta. Para cada convênio fiz uma licitação. O correto é do jeito que fiz. Isso é o que eu vou ter que provar daqui para frente. Acabou. [G1, Fausto Carneiro].

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