Ministro Silas Rondeau pede demissão a Lula.O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, entregou nesta terça (22) a
carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aceitou o pedido. No cargo desde 11 de julho de 2005, o engenheiro eletricista Silas Rondeau é apontado pela Operação Navalha, da Polícia Federal, como receptor de uma propina de R$ 100 mil. O dinheiro teria sido supostamente pago pela construtora Gautama, acusada pela PF de coordenar um esquema destinado a fraudar licitações, desmontado pela Operação Navalha. O ministro nega ter recebido propina para favorecer a Gautama. Mas, aconselhado pelos padrinhos políticos, os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu responder à acusação fora do governo. Para os dois senadores, a permanência de Rondeau seria negativa para o governo e para o partido. A saída de Rondeau foi confirmada pelo governo federal por meio de
nota à imprensa, após um dia de reuniões do ministro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com os colegas Tarso Genro (Justiça) e Dilma Rousseff (Casa Civil), no Palácio do Planalto. Antes de se reunir com o ministro, o presidente esteve José Sarney e Renan Calheiros. "Acho correto [a saída] porque ele é correto e decente e tem o dever de deixar o presidente Lula numa situação confortável", afirmou José Sarney ao G1.
Segundo informou Cristiana Lôbo, Sarney já apresentou nomes para suceder Silas Rondeau. Assim que a exoneração de Rondeau for publicada no "Diário Oficial da União", o cargo de ministro passará a ser ocupado interinamente pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Nelson Hubner. Os R$ 100 mil que Rondeau supostamente recebeu teriam sido entregues por Fátima Pereira, representante da empresa Gautama, por meio do assessor especial do Ministério, Ivo Almeida Costa. O depoimento de Ivo Costa à ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, ocorreu nesta terça (22) e durou cerca de uma hora. Após depor, teve a prisão revogada pela ministra. Silas Rondeau foi citado em conversas entre integrantes do grupo de Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, divulgadas no último domingo pelo programa "Fantástico", da TV Globo. Veras é acusado de ser o chefe do esquema de fraude em licitações, superfaturamento e desvio de dinheiro público.Numa das gravações, Zuleido Veras conversa com o irmão, Dimas Veras, sobre um encontro que teve com o ministro no dia 27 de fevereiro: Zuleido: eu falei com ele ontem e tive com Santana, lá no ministério. Tive com o Silas e tive com o Santana, tá? Santana é o coordenador do programa. Dimas: sei. Zuleido: certo? Foi muito boa a conversa. Dimas: tá certo. Fotos feitas pela Polícia Federal mostram a diretora da construtora Gautama, Fátima Palmeira, chegando ao Ministério de Minas e Energia em 13 de março. Segundo a polícia, ela entregou ao ministro e ao assessor dele, Ivo Almeida R$ 100 mil, pela liberação de recursos para o programa Luz para Todos no Piauí. O ministério negou que ela tivesse se encontrado com o ministro.O intermediador do encontro, de acordo com a polícia, foi o lobbista Sérgio Sá, também preso na Operação Navalha. Ele foi flagrado numa conversa telefônica com Fátima Palmeira, supostamente acertando a ida dela ao ministério para entregar o dinheiro. Sérgio: quando você chegar, entra por aquela outra portaria... Fátima: a primeira? Sérgio: é, a primeira, lá da frente, tá? Fátima: tá bom. Sérgio: pra não ter que falar, identificar, nem nada, tá? Fátima: tá bom, tá fechado. Devido ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Ministério de Minas e Energia tem maior importância no governo Lula do que já teve em qualquer outro governo. Mais da metade do investimento total do PAC está vinculado à área de energia. Serão R$ 274,8 bilhões para investimentos em ações ligadas à pasta, de um orçamento total de R$ 503,9 bilhões do programa. Entre as metas estão a geração de mais de 12.386 MW de energia elétrica, construção de 13.826 quilômetros de linhas de transmissão, 4.526 quilômetros de gasodutos e instalação de 46 novas usinas de produção de biodiesel e de 77 usinas de etanol. O ministério está vinculado a importantes estatais como Petrobras, Eletrobrás, Furnas, Eletronorte e Eletrosul e a autarquias como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional de Petróleo (ANP). A pasta é responsável por programas como o Luz para Todos, que leva energia elétrica para a zona rural e é uma das vedetes do governo Lula, e o de Produção e Uso de Biodiesel, que tem possibilitado acordos de cooperação com outros países.
(com informações do Jornal Nacional e do G1, em São Paulo)
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