Em clima de tensão, Senado define votação de relatório sobre Renan.Sob clima de tensão, o Senado avalia se vota, nesta quarta-feira (20), no Conselho de Ética, o relatório que pede o arquivamento ou não do processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de receber ajuda de um lobista para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de três anos. Embora a votação esteja marcada para a sessão que começa às 13h30, aliados do próprio Renan e senadores da oposição admitem que ela pode novamente ser adiada. A decisão será tomada em várias reuniões que devem ocorrer pela manhã desta quarta. Além disso, o presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC), avisou que anunciará às 9h o novo relator do processo em substituição a Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que pediu licença por motivos de saúde. Na noite de terça, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), informou que Wellington Salgado (PMDB-MG) será o substituto. Sibá, porém, não confirmou o nome. Segundo a assessoria do presidente do Conselho de Ética, alguns senadores foram consultados para assumir o cargo, mas teriam ficado de dar a resposta somente nesta quarta. Desde segunda-feira (18), pelo menos três senadores recusaram a função: Valter Pereira (PMDB-MS), Leomar Quintanilha (PMDB-TO) e Augusto Botelho (PT-RR). Para Renan, há o risco de perder caso seu futuro seja colocado em jogo nesta quarta. Em conversas reservadas, seus aliados admitem que a situação do colega está cada dia mais desgastada e uma vitória dentro do Conselho de Ética não está garantida. Colocar o relatório em votação e perder seria uma derrota política desastrosa, avalia um senador aliado de Renan. Por isso, Renan e sua tropa de choque decidirão até às 13h30 se manterão a votação nesta quarta. Principalmente depois da perícia da Polícia Federal sobre os documentos mostrados por ele que aponta lacunas que não puderam ser analisadas. O presidente do conselho ficou reunido por mais de duas horas com peritos da PF. Eles entregaram a ele o resultado da perícia feita nos documentos apresentados por Renan que comprovariam rendimentos agropecuários suficientes para pagar a pensão à jornalista. Sibá não quis revelar o conteúdo da perícia. Ele ficou de entregar essa análise em caráter sigiloso a todos os integrantes do Conselho de Ética. Senadores como Eduardo Suplicy (PT-SP) e Renato Casagrande (PSB-ES), aliados de Renan, sinalizaram que, com 'as lacunas', não devem votar a favor de Renan nesta quarta. Outro que não confirma seu voto pelo arquivamento é Augusto Botelho (PT-RR). Com isso, Renan conta com apenas cinco votos certos dos 15 (o décimo sexto, do presidente do conselho, só vale em caso de empate) do órgão: os quatro do PMDB e o do próprio relator. Já a oposição avisa que manterá a mesma estratégia caso o conselho decida votar o relatório: tentar derrubar o arquivamento e aprovar a continuidade das investigações. As bancadas do Democratas e do PSDB se reúnem nesta manhã para discutir e bater o martelo sobre a votação. Se a escolha de Salgado for confirmada por Sibá, seu nome deve sofrer resistência da oposição. Isso porque Salgado, aliado de Renan, já anunciou na última sexta (15) seu voto a favor do relatório de Cafeteira. Pelo regimento, o novo relator não poderia alterar a conclusão de Cafeteira porque o processo de votação já foi iniciado na última sexta. Cumpriria apenas a posição burocrática de ocupar o seu lugar na votação. Entretanto, alguns senadores interpretam que, após os depoimentos ocorridos na segunda (do advogado de Mônica, Pedro Calmon Filho, e do lobista Cláudio Gontijo), e da perícia da Polícia Federal nos documentos de Renan, esse relator substituto será obrigado a emitir, pelo menos, uma opinião sobre o assunto. G1, Leandro Colon, Brasília.
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