Anac suspende venda de passagens em Congonhas
Uma semana após o maior acidente da história da aviação civil, que deixou pelo menos 199 mortos, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou ontem a suspensão total da venda de passagens para vôos partindo de Congonhas, em São Paulo, e informou que essa proibição temporária poderá estender-se a outros aeroportos "se houver necessidade". A crise é tão séria que o governo chegou a oferecer ontem aviões da FAB para ajudar as companhias a fazerem transporte de emergência dos passageiros e a desafogar os aeroportos. As empresas não aceitaram a ajuda, mas a Gol chegou ao extremo de pedir aos clientes que adiem as viagens até segunda-feira. Já a TAM suspendeu todas as vendas de passagens em Congonhas e em Guarulhos. Juntas as duas dominam 90% do mercado brasileiro. No dia seguinte ao boicote de pilotos, que se recusam a pousar na pista paulistana com chuva, Congonhas teve o dia mais fraco do ano - dos 272 vôos programados, 221 foram cancelados (81,2%) e 30 tiveram atrasos superiores a uma hora (11%). A culpa foi mais uma vez atribuída às condições climáticas: das 6 horas às 8h56, nenhum avião comercial pousou. Inicialmente, a suspensão da venda de passagens durará de 24 a 48 horas. O presidente da Anac, Milton Zuanazzi, espera que esse período seja suficiente para controlar o caos em Congonhas, com as companhias atendendo os passageiros que têm bilhetes em mãos e não conseguiram embarcar. Haverá ainda a proibição, a partir deste final de semana, de todas as operações de vôos fretados no Aeroporto de Congonhas. A restrição durante a semana já estava em vigor.A Anac ainda aproveitou para anunciar uma série de medidas que regulamentam as determinações do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) de sexta-feira. A principal medida segue a idéia de transformar o aeroporto paulistano em pista regional: todos os vôos a partir de Congonhas terão duração máxima de duas horas. Esse limite é para obrigar as companhias a usarem o aeroporto paulistano com menos carga, menos passageiros e menos combustível. Na prática, vôos a partir de Congonhas só alcançarão cidades distantes até 1.800 quilômetros. A medida, assim como as demais anunciadas, deve ser adotada até setembro.Zuanazzi lembrou que a suspensão da venda de passagens não é inédita e já foi tomada no Natal passado, quando houve outro apagão aéreo. Na época, houve suspeita de overbooking (venda de assentos acima da capacidade das aeronaves) e de excesso de vôos charters.Outra medida adotada no fim do ano pela Anac está na lista de seis providências anunciada ontem por Zuanazzi: o monitoramento do sistema de reservas das companhias. Ainda ontem, funcionários da agência voltaram a se instalar nas centrais das empresas para monitorar o atendimento aos passageiros, a venda de passagens e o comprometimento da malha. COMPANHIASA TAM suspendeu as vendas de passagens para vôos com saída ou chegada nos Aeroportos de Congonhas e Cumbica. Segundo a companhia, a medida foi tomada para que os passageiros que tiveram vôos cancelados na segunda e na terça possam ser reacomodados. A empresa continua operando hoje em Guarulhos, mas apenas para atender esses passageiros. A TAM recomendou aos passageiros com vôos marcados para São Paulo nas próximas semanas - sem urgência em viajar - que remarquem as passagens, com isenção da taxa administrativa.A Gol foi mais radical: pediu aos clientes que adiem as viagens até segunda-feira. Todos os vôos com embarque ou desembarque em Congonhas foram suspensos na terça-feira. Nos próximos dias, os passageiros serão deslocados para Cumbica, em Guarulhos.A OceanAir suspendeu a venda de bilhetes em Congonhas. A BRA informou que tinha 12 vôos em Congonhas, que foram transferidos para Guarulhos. Milton Zuanazzi também informou que o Aeroporto de São José dos Campos poderá receber os passageiros que terão de deixar Congonhas. Também são alternativas Guarulhos e Viracopos. Tânia Monteiro, BRASÍLIA, Estadão.
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