O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), disse ao blog que o partido “não irá condicionar o apoio a Lula” ao desfecho do Renangate. Acredita, segundo afirmou, que Renan Calheiros (PMDB-AL) “conseguirá comprovar documentalmente a veracidade de suas informações”. Mas ressalva: “Na hipótese de o Renan ser malsucedido, o que não desejamos, não há razão para que isso signifique o rompimento ou a redução da relação institucional do partido com o governo”. O PMDB não está sendo excessivamente discreto no apoio ao presidente do Senado? Para Temer, não. “Muitos dizem: ‘O partido não está apoiando o Renan’. Eu, de fato, registro: estou tomando muito cuidado com isso, para não parecer interferência indevida. O que digo é que nos esperamos um julgamento justo, equilibrado. Muito possivelmente, em face desse equilíbrio, achamos que o Renan pode sair-se bem”. Não seria o caso de o PMDB emitir uma nota de apoio a Renan? Temer acha, de novo, que não. “Não é preciso nota. Tenho declarado que cofiamos que ele comprovará a veracidade de suas informações. E o Renan não me pediu nota. Teve a delicadeza de nunca pedir apoio explícito”. Nos últimos anos, Temer e Renan freqüentaram o noticiário como adversários na condução dos destinos do PMDB. No penúltimo embate, Renan, capitão do grupo do Senado, se opôs à recondução de Temer, ponta-de-lança da ala da Câmara, ao comando do partido. O contencioso tonifica a suspeita de que Temer e seu grupo estão torcendo pela derrocada do rival. Algo que o deputado se apressa em negar. Em privado, Temer disse a Renan: “Não quero que possa parecer que estou desfrutando desse episódio. Pelo contrário. Estou constrangido com essa sua situação. Quero dizer a você o seguinte: todas as vezes que achar que precisa de mim, você me convoque”. E isso já aconteceu algumas vezes. Logo que irromperam as denúncias de que teria utilizado dinheiro de uma empreiteira para custear a pensão alimentícia do filho de uma relação extraconjugal, Renan discursou no Senado. Pediu a Temer que estivesse presente. Foi atendido. Noutra ocasião, Renan solicitou a Temer que participasse de uma reunião com os advogados dele. O pedido foi, de novo, acolhido. Numa terceira oportunidade, Temer assumiu o papel de conselheiro de Renan. Deu-se na semana que antecedeu o início do recesso parlamentar. O Congresso se reuniria, em sessão conjunta da Câmara e do Senado, para votar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Deputados da oposição armaram um protesto contra Renan. Sentindo o cheiro de queimado, Temer aconselhou o senador a eximir-se de presidir a sessão. Renan manifestou o receio de que a oposição tripudiasse sobre sua ausência. Em contato com os líderes partidários e com oposicionistas mais exaltados –Fernando Gabeira (PV-RJ) e Chico Alencar (PSOL-RJ), por exemplo—Temer costurou um armistício. E Renan não deu as caras na sessão. A falta evidenciou a debilidade de sua condição política. Mas livrou-o de protestos constrangedores. A tese de que uma eventual condenação de Renan poderia envenenar as relações do PMDB com o governo Lula é invocada, nos subterrâneos, por partidários de Renan. Temer, porém, afasta a possibilidade: “O governo não está trabalhando contra o Renan. O que se vê, na verdade, é que o governo o está apoiando. Portanto, seja qual for o desfecho do episódio, isso não altera a relação do partido com o governo”. Escrito por Josias de Souza, Folha Online. Foto matéria Valter Campanato/ABr.
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