Jobim já planeja nova Anac, sem Zuanazzi
O governo não aposta mais na renúncia coletiva da cúpula da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Mas, depois da saída de Denise Abreu, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, também quer a entrega do cargo do presidente da Anac, Milton Zuanazzi. A esperada renúncia dele é o que Jobim, em conversas com o Palácio do Planalto e interlocutores do ministério, chama de "segundo tempo" da arrumação na Anac. Denise deixou a agência na sexta-feira. Para o governo, a saída de Denise e Zuanazzi, os dois diretores mais conhecidos da Anac, abriria espaço para o Ministério da Defesa mudar a correlação interna de poder. Os novos indicados e o brigadeiro Jorge Velozo, diretor de Segurança Operacional, Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticas, que é mais próximo do comando da Aeronáutica, teriam maioria no colegiado. No governo e no Congresso, a Anac é criticada por favorecer as empresas aéreas. "Onde estava a autoridade fiscalizatória da Anac, que deixou as coisas chegarem a este limite?", perguntou uma fonte do governo. Jobim avalia que Zuanazzi age como se não fosse responsável pela fiscalização das empresas e de todo o setor. Em conversas reservadas, o ministro disse que essa percepção ficou clara na quarta-feira, quando o presidente da Anac depôs na CPI do Apagão do Senado. Zuanazzi usou 20 minutos para apresentar a situação dos 28 principais aeroportos do País e apontou o que deveria ser feito em cada um dos terminais. O ministro se disse "estarrecido". Comentou com assessores do Planalto que a Anac não tem de fazer avaliações sobre o futuro dos aeroportos, porque isso é de competência da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). Na ótica da Defesa, a falta de empenho para exigir a solução imediata de problemas impediu que a Anac agisse para evitar uma tragédia no Aeroporto de Congonhas como a ocorrida em 17 de julho com o Airbus da TAM, que deixou 199 mortos. O "segundo tempo" da reformulação da Anac não pode ser muito demorado. O ideal para o governo, apurou o Estado, é que tudo esteja resolvido até o fim de setembro. Entre as mudanças já definidas que serão apresentadas por Jobim ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva esta semana está a criação da Secretaria de Aviação Civil. Hoje está prevista a publicação, no Diário Oficial, da abertura de processo administrativo contra a Anac. Ela vai apurar se a agência enganou a Justiça, usando um documento sem validade legal, para evitar a interdição de Congonhas. Estadão.
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