Complicou-se a situação de Renan Calheiros (PMDB-AL). A exemplo do usineiro João Lyra, uma segunda testemunha afirma que o presidente do Senado adquiriu secretamente empresas de comunicação em Alagoas. Chama-se Luiz Carlos Barreto, um dos antigos sócios do jornal e da emissora de rádio compradas por Renan, em sociedade com Lyra. Um negócio de R$ 2,6 milhões. Que envolveu “laranjas” e pagamentos feitos em dinheiro vivo. Luiz Carlos Barreto falou ao repórter Carlos de Lannoy. O teor da conversa foi veiculado pelo
Jornal da Globo. Além de ratificar as informações que João Lyra divulgara, o ex-proprietário das empresas de comunicação compradas por Renan disse que, entre 1999 e 2002, exerceu o cargo de diretor-executivo de “O Jornal”, depois de vender o diário a Renan e Lyra. Nesse período, disse ele, “era do conhecimento de todos no jornal que o senador Renan era um dos proprietários”.Nesta quinta-feira (16), o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), estará em Maceió. Vai ouvir o usineiro João Lyra, que, pelo telefone, prometeu entregar-lhe inclusive documentos. Nesta querta, em entrevista, Renan tratou de desqualificar o detrator. Disse que Lyra não merece nem resposta. “Esse rapaz não merece nenhuma palavra minha, ele tem várias execuções na Receita Federal, é acusado de vários homicídios, inclusive de crime de mando. É uma pessoa que não merece uma resposta minha, porque não tem nenhuma qualificação.” Renan instou o desafeto a abrir os seus
sigilos bancários.Em nota, Lyra disse que Renan só o acusa porque dispõe do escudo da imunidade parlamentar. E divulgou fotos que demonstram que, até bem pouco, o presidente do Senado não hesitou em posar do lado do personagem que “tem várias execuções da Receita Federal e é acusado de vários homicídios.”Numa das fotos (veja lá no alto), clicada em 12 de maio de 2006, Lyra aparece ao lado de Renan no ambiente mais prestigioso de Brasília: o gabinete presidencial. Naquele dia, o senador ocupava interinamente a presidência da República. Noutra imagem, de 2005, Lyra surge ao lado de Renan e do então ministro das Relações Institucionais, Aldo Rebelo (PC do B-SP). No Planalto, de novo.Há mais: segundo Lyra, a sociedade secreta que o uniu a Renan foi dissolvida em 2005. Ele ficou com “O jornal” e o senador com a emissora de rádio. Como parte do acerto, segundo informa o usineiro, Renan prometeu renovar a concessão de uma outra rádio, que estava vencida. Escorado na promessa, Lyra comprou, em 2 de maio de 2005, a Rádio Paraíso. No dia 24 do mês seguinte, Renan cumpriu a promessa. Enviou a Lyra uma carta informando acerca da renovação, no Senado, da concessão da emissora Paraíso, exatamente como prometera. A cópia da carta é um dos documentos que Lyra entregará a Tuma.Os negócios ocultos de Renan no setor de comunicação social ensejaram a formulação de uma nova representação contra o senador. É assinada pelo DEM e pelo PSDB. Nesta quinta-feira, enquanto Tuma estiver ouvindo Lyra em Maceió, a Mesa diretora do Senado estará reunirá, em Brasília, para aprovar o envio da representação ao Conselho de Ética. Ali, depois da escolha de um relator, será aprovado um requerimento convocando Lyra para depor diante das câmeras da TV Senado.
Escrito por Josias de Souza, Folha Online.
Nenhum comentário:
Postar um comentário