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segunda-feira, outubro 22, 2007
BRASIL & EUA: ETANOL "A SALVAÇÃO DA LAVOURA"
Seguindo a lição dos agricultores do meio-oeste dos EUA, que aumentaram a produção vendendo milho para refinadoras de etanol, os agricultores de cana-de-açúcar e beterraba, de onde também se extrai açúcar, também querem seu próprio acordo de etanol, financiado pelos contribuintes norte-americanos. Uma cláusula quase despercebida do novo projeto de lei do setor de agricultura a caminho do congresso obrigaria o Ministério da Agricultura a comprar o excedente de açúcar produzido internamente gerado em virtude da esperada entrada de açúcar mexicano no ano que vem. Em seguida, o governo o venderia, provavelmente a um desconto bastante significativo, para os produtores de etanol para que fosse acrescentado aos seus tanques de fermentação. A administração Bush é contrária à medida. Os produtores de cana afirmam que o custo seria relativamente baixo e que o projeto ajudaria a manter os preços a um nível que consideram justo. Como efeito colateral positivo, o acordo permitiria que o país produzisse mais etanol para que fosse misturado à gasolina, eliminando uma parte da dependência do petróleo estrangeiro, como eles afirmam.
No entanto, os produtores de etanol não estão entusiasmados. Além disso, o projeto está provocando a ira de oponentes dos subsídios agrícolas e de antigos críticos da indústria do açúcar, que se queixam de que os produtores já possuem um dos melhores acordos da agricultura norte-americana. "Trata-se de uma carga tributária sem benefícios que deturpa tanto o mercado de etanol quanto o mercado de ingredientes alimentícios", declarou Richard E. Pasco, consultor da Sweetener Users Association, grupo lobista que atua em prol das empresas alimentícias que utilizam açúcar. "E adivinha quem vai pagar o preço? Contribuintes e consumidores". O Departamento Orçamentário do Congresso calcula o custo em US$ 660 milhões ao longo de cinco anos, relativamente barato em se tratando de projetos em agricultura. Contudo, essa é uma estimativa baseada em suposições sobre o quanto de açúcar entrará pela fronteira. O fato é que ninguém sabe ao certo.
Impacto
Está em discussão uma proposta do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), o grande pacto comercial lançado com o propósito de criar um mercado comum entre México, Canadá e Estados Unidos. Embora o NAFTA tenha sido implementado em 1993, algumas de suas propostas mais polêmicas só agora começam a vigorar. Segundo uma delas, em breve os Estados Unidos estarão abertos a importações ilimitadas de açúcar do México, o maior racha, em anos, na muralha de subsídio de preço e protecionismo que o governo, em nome da indústria do açúcar, ergueu contra a concorrência estrangeira. A proposta em análise em Washington "poderia ser uma ponte para mais benefícios para o açúcar", diz Anthony Joe Judice, 61, que trabalha nas plantações nas águas lameadas de Bayou Teche. "É como um noivado em preparação para um futuro casamento". A cláusula do etanol de açúcar obteve aprovação na câmara. Com o apoio do senador Tom Harkin, democrata de Iowa, presidente do Comitê de Agricultura, ela será aprovada no senado apesar da oposição do governo e do setor alimentício. A medida seria mesclada a uma antiga política do açúcar tão complexa que até mesmo muitos agricultores têm dificuldades de compreendê-la.
Do New York Times, Tradução: Claudia Freire. 2210
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