Tesoureiros do PT usam cartão corporativo do governo federal
Dirigentes regionais do PT estão entre os usuários de cartões corporativos do governo federal, incluindo três tesoureiros de diretórios estaduais. Pelo menos mais sete integrantes de executivas ou diretórios petistas, além de um ex-prefeito e de três candidatos a deputado estadual em 2006, estão entre os encarregados por diversos ministérios de fazer saques e comprarem com os cartões. Um deles, candidato em Alagoas, sacou 41% do total do ano nas três semanas que antecederam a campanha. Levantamento feito pela Folha com base em dados do Siafi (sistema de acompanhamento de gastos do governo) pela assessoria de Orçamento do DEM identificou 46 petistas em cargos de confiança em oito ministérios e na Presidência que usaram cartões de 2005 a 2007. Neste período, gastaram R$ 719 mil -61,5% em compras e 38,5% em saques. O uso dos cartões por pessoas comprometidas com a política partidária não é ilegal, mas pode dar margem a conflitos de interesse. Um exemplo ocorre no Amazonas, onde o superintendente estadual da Secretaria da Pesca, Estevam Ferreira da Costa, usa cartão corporativo para cuidar das finanças da pasta de segunda a sexta, das 9h às 17h. Encerrado o expediente, Costa, tesoureiro estadual desde 2001, dirige-se ao diretório do PT em Manaus onde, das 18h às 19h, trata do dinheiro do partido. "Passo uma hora por dia trabalhando para o PT", diz ele, que sacou R$ 8.900 com cartão em 2007. A maior parte, segundo ele, para comprar combustível para barcos. Em Tocantins, o tesoureiro estadual do PT Leontino Pereira de Sousa usa intervalos no trabalho como delegado estadual do Ministério do Desenvolvimento Agrário para resolver problemas do partido. "Aproveito a hora do almoço para pagar contas do PT." Sousa gastou, em 2007, R$ 3.889 com cartão, 89% em saques. Em Goiás, a tesoureira do PT até dezembro era Laisy Moriere, a principal responsável na Secretaria de Políticas para Mulheres por organizar as viagens da ministra Nilcéa Freire. É ela quem paga hotéis e restaurantes, com o cartão. A dupla função é conseqüência do loteamento da administração federal. Conforme revelou a Folha no domingo, 44% dos cartões estão com funcionários comissionados, muitos deles, indicações políticas. A maioria dos militantes petistas ocupa gerências estaduais da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, cujo titular, Altemir Gregolin, é um dos ministros que têm gastos com cartão investigados. Há também exemplos em Desenvolvimento Agrário, Minas e Energia, Trabalho, Agricultura, Integração Nacional e na Secretaria de Políticas para Mulheres. Além dos tesoureiros, há petistas com cartão em cargos como secretário de Formação Política, de Organização, de Assuntos Sindicais e de Assuntos Agrários -todas posições estratégicas. Nas eleições de 2006, ao menos três petistas com cartão corporativo tentaram a sorte para Assembléias. Apenas um se elegeu.
Folha Online, FÁBIO ZANINIDA SUCURSAL DE BRASÍLIA. 1502.
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