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terça-feira, março 04, 2008

VENEZUELA/EQUADOR/COLÔMBIA: UM CONFLITO EM EXTENSÃO?


Entenda o conflito entre Venezuela, Equador e Colômbia

A crise diplomática entre Colômbia, Equador e Venezuela teve início no último sábado (1º), quando o Exército colombiano anunciou que matou o número 2 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes.
Reyes, que tinha 59 anos, era considerado um dos homens da linha dura das Farc e braço direito do fundador da guerrilha, Manuel Marulanda ("Tirofijo"), de quem era genro. Ele foi morto com pelo menos mais 10 guerrilheiros durante uma operação nas proximidades de Teteyi, no departamento de Putumayo, que faz fronteira com o Equador. Logo após a incursão colombiana em território equatoriano, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ordenou a saída de todos os funcionários da embaixada em Bogotá. "Por favor, chanceler (Nicolás) Maduro, feche a embaixada e mande que todos voltem", afirmou Chávez. Ele ordenou ainda ao ministro da Defesa, Gustavo Rangel, que enviasse "dez batalhões para a fronteira com a Colômbia". "Não queremos guerra, mas não vamos permitir que o império (Estados Unidos) e nem o seu cachorro venham a nos atacar", completou. Chávez criticou Álvaro Uribe, a quem acusou de "mentiroso, criminoso e mafioso", entre outras coisas, pelo que considera uma "flagrante violação da soberania do Equador".
Desculpas
Após os pronunciamentos de Chávez, o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou a retirada de seu embaixador em Bogotá, Francisco Suéscum (que tinha classificado como "ato de guerra" o ataque militar colombiano), e a posterior "expulsão imediata" do embaixador da Colômbia em Quito, Carlos Holguín. Correa também solicitou uma reunião urgente da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Comunidade Andina de Nações (CAN) para tratar do ataque. Tentando minimizar o confronto, no domingo (2) o governo colombiano pediu desculpas ao Equador pela incursão na "zona de fronteira" de helicópteros colombianos. O comunicado lido em Bogotá pelo chanceler colombiano, Fernando Araújo, acrescenta que a ação consistiu na "entrada de helicópteros colombianos com pessoal das Forças Armadas no território equatoriano, para verificar o local". Em cadeia nacional de televisão, Correa informou que tinha ordenado a "mobilização de tropas" na fronteira com a Colômbia e exigiu do presidente colombiano, Álvaro Uribe, não só desculpas, mas também "compromissos firmes de respeito ao Equador".
Documentos
No meio da crise, o governo da Colômbia acusou o presidente equatoriano de ter compromissos com as Farc e revelou documentos que mencionam o interesse de Quito de manter relações com a guerrilha. "Os documentos levantam perguntas que merecem respostas concretas, que revelem à Colômbia e ao mundo qual é o estado da relação do governo equatoriano com um grupo terrorista como as Farc", disse em Bogotá o general Oscar Naranjo, chefe de polícia. Os documentos foram encontrados em um dos três computadores pertencentes a Raúl Reyes.
Relações com as Farc
Além dos documentos que ligam o Equador às Farc, o governo colombiano anunciou nesta segunda-feira (3) que levará ao conhecimento da ONU (Organização das Nações Unidas) e da OEA (Organização dos Estados Americanos) "revelações sobre acordos do grupo terrorista Farc com os governos do Equador e da Venezuela". Também informou que não mobilizará tropas à fronteira. "O governo expressa sua preocupação por acordos que possam existir entre as Farc e os governos do Equador e Venezuela, que violam as normas internacionais em sua proibição de os países abrigarem terroristas", afirmou Cisar Mauricio Velásquez, assessor de imprensa da Presidência, lendo uma nota oficial do governo.
Mediação brasileira
Na segunda-feira, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou que tomaria medidas diplomáticas para tentar solucionar a crise que se instalou na região. Segundo Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República, o governo brasileiro usará os canais diplomáticos para mediar os problemas políticos gerados após a operação militar colombiana. “O presidente Lula conversou com [o chanceler] Celso Amorim, que está tomando as medidas necessárias. Acho que nós vamos mobilizar toda a força da diplomacia brasileira e de outras capitais sul-americanas para reduzir ao máximo a tensão e procurar encontrar uma solução duradoura para esse problema”, disse Marco Aurélio Garcia em entrevista à rádio "CBN", nesta segunda-feira (3). Garcia contou ainda que Lula tem o assunto na pauta para o encontro com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner. “Há interesse do Chile também em coordenar as operações”, afirmou. “Agora, o mais importante é reduzir ao máximo a tensão”, disse. “Respeitamos as medidas dos países, não queremos interferir nas medidas internas, mas não podemos ser indiferentes”, completou.
Armas sujas
Nesta terça-feira (4), o vice-presidente colombiano, Francisco Santos Calderón, acusou as Farc de armar uma ‘bomba suja’. A acusação foi feita em Genebra, durante a Conferência de Desarmamento das Nações Unidas. Calderón afirmou que a informação foi encontrada nos computadores de Raul Reyes, número 2 das Farc, morto no último sábado (1), em uma ação militar em território equatoriano. Nas palavras do vice-presidente colombiano, a guerrilha “estaria negociando material radioativo para gerar armas sujas de destruição e terrorismo”. “Esta informação está sendo submetida a um processo de verificação com acompanhamento internacional”, disse Calderón, que afirmou ainda que as Farc fazem uso de dinheiro do narcotráfico.
Fronteiras
O ministro venezuelano da Agricultura e Terra, Elias Jaua, afirmou nesta terça-feira (4) que o governo mandou fechar todas as fronteiras com a Colômbia. O anúncio foi feito após mais tropas venezuelanas serem enviadas às fronteiras e também depois de o presidente Hugo Chávez expulsar o embaixador e os funcionários da embaixada da Colômbia em Caracas.
Do G1, com agências. 0403. Mapa localiza Equador, Colômbia e Venezuela, e suas respectivas capitais (Arte: G1).

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