Paulinho ficou ''desesperado'', revela grampo
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) ficou "desesperado" com a Operação Santa Tereza, que desmontou suposto esquema de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Paulinho se comprometeu a providenciar advogado e até a tirar da prisão o coronel da Polícia Militar Wilson Consani, seu amigo e homem de confiança, apontado pela Procuradoria da República como um dos principais operadores da trama BNDES. As informações constam do relatório 10 da Polícia Federal - 35 páginas que descrevem a reação de alvos da missão e alguns de seus familiares. Todos caíram no grampo da PF, autorizado judicialmente. Adriana Consani, mulher do coronel Wilson Consani, foi interceptada dia 25 de abril, às 9h54. Ela telefonou para o marido, que estava preso na Custódia da PF desde o dia anterior, capturado pela Santa Tereza. Adriana disse ao marido que estava ligando a pedido de Miguel, que a PF acredita ser dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. O relatório resume a conversa do casal Consani, com 6 citações a Paulinho. "Adriana diz que o Paulinho está mandando um advogado para Consani e é para ele (coronel) ficar tranqüilo. Adriana diz que o Paulinho Pereira ligou para ela e disse que todo mundo que foi preso ninguém está preocupado... Consani pergunta o que o Paulinho falou. Adriana diz que o Paulinho está desesperado e falou para Consani ficar despreocupado que ele (Paulinho) irá tira-lo de lá, diz que ele (Paulinho) está muito preocupado." Adriana contou ao coronel que, no dia da operação, 24 de abril, esteve em sua residência o lobista José Brito de França. Segundo a PF, França agia em parceria com João Pedro de Moura, amigo e ex-assessor de Paulinho. Moura está preso. O relatório 10 da PF confirma que na véspera da operação, às 22h58 de 23 de abril, o coronel Consani ligou para José Gaspar, vice-presidente do PDT. O militar estava empenhado em alertar Paulinho sobre os passos da PF. "Continua avisando sobre a deflagração da operação", diz o relatório. "Destaca-se a preocupação relativa ao possível envolvimento do deputado Paulo Pereira da Silva e o envolvimento de ONGs." A PF identificou dois depósitos, no valor total de R$ 119,5 mil, realizados por integrantes do grupo em favor da Meu Guri, ONG presidida por Elza Pereira, mulher de Paulinho, e da Luta e Solidariedade - segundo a PF, esta ONG é dirigida por Eleno Bezerra, vice-presidente da Força Sindical. Fábio Leme Cavalheiro, advogado do coronel, declarou que o oficial "tem pleno interesse" em prestar os esclarecimentos necessários. "Ele (Consani) não conhece esquema BNDES, nunca fez nenhum pedido ao banco nem sequer acompanhou processos de empréstimos", disse o advogado. Ele reclamou que ainda não teve acesso aos autos da Santa Tereza e rebateu informação de que teria sido indicado por Paulinho. "Nosso escritório advoga para muitos oficiais."Paulinho da Força não faz declarações sobre o caso BNDES. Seu advogado, Antonio Rosella, reputa "absurdas" as acusações. Rosella classifica de "meras interpretações" os grampos da PF.
Fausto Macedo e Roberto Almeida. 1605.
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