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terça-feira, fevereiro 03, 2009
SARNEY, TEMER, RENAN, COLLOR, QUÉRCIA [In:] SESSÃO DA TARDE (REPRISE)
Lula Marques/Folha Imagem |
Na Câmara, venceu o deputado Michel Temer (PMDB-SP). Ele teve 304 votos e superou seus dois adversários -Ciro Nogueira (PP-PI), que teve 129 apoios, e Aldo Rebelo (PC do B-SP), com 76 votos. A Câmara tem 513 deputados e o quórum ontem foi de 509.
No Senado, o vitorioso foi José Sarney (PMDB-AP). Ele havia passado os últimos dois meses tentando ser o candidato único. A estratégia não deu certo. Ele teve de ir para a disputa contra Tião Viana (PT-AC) -venceu por 49 a 32, totalizando as 81 cadeiras do Senado.
Essas vitórias de Temer e de Sarney conferem aos dois grande poder para influir no governo Lula, em especial na sucessão de 2010. A presidenciável Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil, tentou desconversar ao comentar a eleição. "A base do governo foi vitoriosa", disse.
Questionada sobre uma vaga de vice em sua eventual chapa, afirmou: "Estamos falando de 2009. E essa vitória é em 2009 e tem que ser vista como uma contribuição à governabilidade". Sob a ótica da oposição, o presidenciável José Serra (PSDB-SP) tem em Temer um aliado potencial e em Sarney um desafeto.
Apesar desse poder, nem Sarney nem Temer tiveram os apoios que alardeavam.
No caso da Câmara, a aliança formada pelo peemedebista tinha 15 partidos e um total de 425 deputados -o maior bloco já criado dentro do Congresso. Desses, 121 (28,3%) acabaram traindo Temer na hora do voto.
No Senado, sarneyzistas começaram contando 58 votos, e o número final foi desidratado para 49. Muito da redução do apoio se deu em decorrência de uma decisão inusitada do PSDB, cujo apoio oficial foi para Viana. Como a votação é secreta, não se pode mapear com precisão as defecções.
A conquista de Temer se cristalizou apenas nas 72 horas anteriores à disputa. O peemedebista teve grande ajuda com a saída de Osmar Serraglio (PMDB-PR) do páreo, anteontem à noite. Primeiro, quase todos os seus votos migraram para Temer. Segundo, propagou-se um desânimo nas campanhas de Ciro e Aldo.
Temer, 68, e Sarney, 78, são veteranos no comando do Congresso. Ambos começaram ontem o seus terceiros mandatos nas presidências de Câmara e Senado. O deputado foi eleito pela primeira vez em 1997 e reeleito em 1999. O maranhense, que agora se elege pelo Amapá, teve sua primeira eleição para presidir o Senado em 1995 e a segunda em 2003.
O PMDB é descendente direto do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), partido de oposição consentida durante a ditadura militar (1964-1985). Na volta do país à democracia, a sigla comandou o Congresso inteiro por vários anos seguidos. Na década de 90, começou a entrar em decadência.
A última vez que dois peemedebistas estiveram à frente de Câmara e Senado, no biênio 1991-1992, o país passou por uma de suas maiores crises políticas. O então presidente da República, Fernando Collor de Mello, sofreu um processo de impeachment. No Congresso, o chamado escândalo dos anões do Orçamento provocou a perda de vários mandatos.
Agora, o PMDB assumirá o poder no Congresso em meio a uma crise econômica e assediado pelo PT e pelo PSDB para formar uma aliança nas eleições de 2010. A sigla também continua fracionada.
Ao tomar posse, Sarney anunciou um corte linear de 10% do orçamento do Senado (de R$ 2,7 bilhões neste ano). Também prometeu criar uma comissão para discutir a crise.
"Não me chamem de um homem retrógrado, como se eu fosse um velho que está chegando aqui, querendo, como um macróbio [aquele que vive muito], não renovar o Senado", disse ele. Ex-presidente da República (1985-1990) e com 33 anos de mandato de senador, Sarney será o 63º presidente do Senado. O posto também lhe confere o comando da presidência do Congresso Nacional, formado por todos os senadores e deputados.
O principal articulador sarneyzista foi o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que reassumiu a liderança da bancada do PMDB. Além do seu partido, Sarney contou com o apoio oficial de DEM, PTB, PP e PR. Os aliados do derrotado Tião Viana foram PT, PSOL, PRB, PDT, PSB e PSDB -este último teria lhe dado 12 votos.
Na Câmara, a primeira promessa de Temer foi a de regulamentar a Constituição. Também anunciou a criação de uma procuradoria parlamentar feminina -para garantir às 44 deputadas direito de voz e voto nas reuniões de líderes.
Ele tentará dar maior visibilidade ao trabalho dos congressistas nos Estados, em especial nos finais de semana. "Me insurgirei àqueles que disserem que nós só trabalhamos de terça a quinta. Temos que lembrar que Brasília é o Brasil formal e que o Brasil real está lá fora, nas nossas bases", discursou.
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(FERNANDO RODRIGUES, LETÍCIA SANDER, MARIA CLARA CABRAL, FERNANDA ODILLA E ADRIANO CEOLIN);
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0302200902.htm
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