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segunda-feira, novembro 30, 2009

BRASIL: ARMANDO AS FORÇAS

Guerra é guerra

sex, 27/11/09
por gmfiuza (*)


O governo brasileiro vai importar da Rússia cinco baterias antiaéreas para espalhar pelo território nacional. As atuais estão obsoletas, porque só podem abater aviões a seis quilômetros de altitude. As novas alcançam o dobro da distância.

Começa a fazer sentido toda essa camaradagem com o Irã (e, agora, a vexaminosa abstenção do Brasil na condenação da ONU ao segredo nuclear iraniano). A América do Sul praticamente duplicou seus gastos militares nos últimos cinco anos, na toada da revolução chavista. O pessoal está levando a sério a brincadeira de afrontar o império ianque.

Enquanto Lula e seus amigos brincam de soldado, lá se vão mais de 30 bilhões de reais do contribuinte brasileiro no banho de loja das forças armadas. Está certo. É preciso se fortalecer contra o inimigo externo.

O diabo é o inimigo interno. Vai para três semanas o fatídico 10/11, sem uma sombra de conclusão sobre o que deixou meio país às escuras. Vai ver o apagão virou tática militar, para esconder os alvos do bombardeio iminente.

Quantos bilhões de reais estarão destinados ao reforço das linhas de transmissão energética, aparentemente suscetíveis a um soluço de São Pedro? Ao que se saiba, nenhum. Mas não precisa. Se apagar tudo de novo, em no máximo 48 horas Dilma aparece para explicar que no governo Fernando Henrique foi pior. É a era do apagão relativo.

Urgente mesmo é instalar logo as baterias antiaéreas russas. Se o inimigo demorar a nos atacar, o general Top Garcia – que já chamou Obama para briga – poderá dar ordem de fogo contra as nuvens negras que ameaçam o sistema elétrico nacional. Não vai sobrar um só raio se metendo a besta contra as instalações delicadas de Itaipu.

As baterias antiaéreas também poderão ir sendo usadas para saudar a chegada do Ano Novo, ou até na festa de lançamento do filme do filho do Brasil. Esses shows pirotécnicos andam muito fajutos. O messias do ABC merece coisa melhor.

Como se vê, não há perigo de o novo arsenal para abate de aeronaves a doze quilômetros de altitude ficar ocioso. A única coisa que ele não pode abater é ideia de jerico nos céus de Brasília.

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(*)

  • Guilherme Fiuza

    Guilherme FiuzaJornalista, é autor de Meu nome não é Johnny, que deu origem ao filme. Escreveu também os livros 3.000 Dias no Bunker, reportagem sobre a equipe que combateu a inflação no Brasil, e Amazônia, 20º Andar, a aventura real de uma mulher urbana na floresta tropical. Em política, foi editor de O Globo e assinou em NoMínimo um dos dez blogs mais lidos nessa área. Este espaço é uma janela para os grandes temas da atualidade, com alguma informação e muita opinião.
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  • http://colunas.epoca.globo.com/guilhermefiuza/2009/11/27/guerra-e-guerra/
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