BRASÍLIA. Em sua primeira aparição no 4° Congresso Nacional do PT, ontem, a ministra da Casa Civil e presidenciável do PT, Dilma Rousseff, defendeu os pilares da atual política externa do Brasil, principalmente a maior aproximação com os países vizinhos e com nações da África e da Ásia. Discurso apropriado para os mais de 130 delegados de partidos de esquerda do mundo inteiro, inclusive os comunistas e socialistas de Cuba, China, Coreia do Norte, Bolívia e Venezuela, entre outros.
No encontro fechado para a imprensa, tanto Dilma como o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, defenderam o fortalecimento da política externa de Lula.
— A política externa brasileira tem que tender mais para os vizinhos da América Latina e também para África e Ásia, mantendo a parceria que a gente já tem com os outros blocos dos Estados Unidos e da Europa — disse Dilma.
No seminário organizado pelo secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, participaram ainda representantes de partidos de esquerda, ou alinhados, de Alemanha, Arábia Saudita, Camarões, Angola, Egito, El Salvador, Equador, Espanha e Estados Unidos.
Uma das representantes da Venezuela transmitiu a Dilma o apoio do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
No primeiro dia do congresso do PT, Dilma se reúne a portas fechadas com aliados estrangeiros
Dilma foi ovacionada pelos delegados e representantes de mais de 30 países. Na saída, disse que ficou “comovida” com o tratamento recebido no primeiro dia do encontro do PT. Sorridente, disse que sua estratégia como ministra será mantida até a desincompatibilização, no fim de março, quando assumirá totalmente a condição de candidata.
Por enquanto, disse, não muda nada: — Até lá, vou manter o mesmo tipo de atividade que mantenho. Estou a um mês da desincompatibilização.
No sábado, serei pré-candidata.
A lei diz que tem que haver uma convenção e que ela se dê num prazo limite (no fim de junho).
Um delegado do México quis saber se a ministra tinha se decepcionado com o governo de Barack Obama nos EUA. De acordo com um parlamentar, Dilma afirmou que ainda era cedo para esse tipo de avaliação e destacou o papel importante do presidente americano para a América Latina e o mundo.
Coordenador de campanha de Dilma, Marco Aurélio Garcia reagiu às críticas da oposição e da mídia à política de Lula e às propostas do PT para o programa de governo. Numa referência ao ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, Marco Aurélio foi aplaudido quando disse que a mídia achava natural um chanceler brasileiro ser obrigado a tirar os sapatos para entrar nos EUA.
— Há certos críticos que em certos momentos fazem menções e avaliam que nossas políticas são condescendentes com nossos vizinhos da América Latina. Dizem que ficamos nos aproximando desse índio da Bolívia, do cura do Paraguai e do louco da Venezuela — disse Marco Aurélio no encontro fechado, segundo um petista.
Em entrevistas, o secretário também defendeu os textos a serem aprovados no encontro e negou que sejam de sua autoria as teses mais radicais do partido: — É um programa que lembra os tempos atuais, não tem nada aí que seja uma ruptura com o que o governo Lula realizou. Estamos olhando para o futuro. A imprensa inventa as coisas para depois desconstruir. Prefiro a imprensa dizendo mentiras do que a imprensa calada — disse Marco Aurélio, acrescentando: — A Dilma já é muito conhecida no exterior. Com o tempo, ela vai virar “a cara”.
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