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terça-feira, março 02, 2010

QUEBEC/CANADÁ [In:] ''Adieu, adieu, ..., So long, Farewell, Au Revoir, Auf Wiedersehen ..." (*)

Emigração

Bonjour, Quebec

Com escassez de mão de obra e baixa taxa de natalidade, a província canadense lança um programa para atrair ainda mais imigrantes brasileiros


Thiago Mattos
Alexandre Schneider
ADIEU, BRASIL
O casal Octávio e Carolina Paixão, que embarca em breve para o Canadá (o labrador também vai emigrar).

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Ao menos em alguns aspectos, é certo dizer que Brasil e Canadá guardam muito pouco em comum. O segundo maior país do mundo em extensão territorial tem invernos de temperaturas glaciais, um esporte nacional que não poderia parecer mais exótico aos brasileiros (o hóquei no gelo) e tão poucos problemas que a escapada de um urso da floresta costuma ser considerada uma notícia eletrizante por lá. Pois nenhum desses fatores tem impedido que brasileiros que emigram para aquele país se adaptem muito bem nele, obrigado. Prova disso é que só em Quebec, a parte francesa do território canadense, o número de brasileiros com status de residente permanente aumentou cinco vezes desde 2004. Em todo o Canadá, eles são 11 000. Já formam a quarta comunidade latino-americana, depois dos colombianos, mexicanos e jamaicanos. E esse contingente vai crescer. O recém-aberto escritório do governo de Quebec em São Paulo prepara o lançamento de uma campanha com o objetivo de divulgar os encantos da província francófona e convencer brasileiros das vantagens de trocar os ares tropicais por uma paisagem de geleiras – mais a possibilidade de viver e aposentar-se em um país cuja renda per capita é de 41 000 dólares e cujos indicadores de criminalidade são de dar inveja até a finlandês (a taxa de homicídios foi de 1,8 por 100 000 habitantes em 2006).

Sim, Quebec quer os brasileiros, mas não qualquer um. Basicamente, interessa à província recrutar homens e mulheres capazes de ajudá-la a resolver dois problemas: o risco de encolhimento da população (a taxa de fecundidade em Quebec é de 1,7 por mulher, abaixo, portanto, do nível mínimo de reposição, de 2,1) e a escassez de mão de obra qualificada em áreas estratégicas, como tecnologia e química (veja no quadro o perfil do imigrante ideal). São problemas que atingem não apenas Quebec, mas todo o Canadá. A diferença é que a província colonizada por franceses tomou a dianteira no trato do problema. "Foi a primeira a escolher seus imigrantes, mas agora as outras já estão seguindo o seu exemplo e aumentando o investimento nos programas de recrutamento", diz David Foot, professor de economia da Universidade de Toronto, ele mesmo um imigrante britânico.

Com uma densidade demográfica de 4,6 habitantes por quilômetro quadrado – pouco mais povoada do que a Região Norte do Brasil –, Quebec tem espaço de sobra e precisa preenchê-lo. Para isso, oferece o que tem de melhor. Os candidatos aprovados no programa de recrutamento da província ganham visto de residente permanente. Assim que chegam ao destino, passam a ter todos os direitos de um cidadão canadense, incluindo o acesso ao sistema gratuito de saúde e educação. No caso de permanecerem no Canadá por mais de três anos, ganham ainda direito a voto e a passaporte. Para muitos candidatos, porém, o mais atraente do pacote é a possibilidade de trabalhar na própria área de formação. "Mandei duzentos e-mails procurando emprego no Brasil e não tive sequer uma resposta. Mandei quarenta a empresas de Quebec e recebi quarenta respostas", afirma Octávio Paixão, de 42 anos, técnico em manutenção de aeronaves. Ele e a mulher, Carolina, de 29, formada em hotelaria, embarcam neste ano para Quebec – levando, inclusive, o labrador de estimação. "Não pretendemos voltar mais", diz.

A campanha "Você tem um lugar em Quebec" será lançada em abril. Além do Brasil, está programada para ocorrer em apenas outros dois países, França e México. A presença do Brasil no rol das nações preferenciais da província canadense tem a seguinte explicação, segundo Soraia Tandel, diretora do escritório de imigração de Quebec em São Paulo: "Os brasileiros são culturalmente flexíveis, qualificados e se integram facilmente tanto na sociedade quanto no mercado de trabalho canadense. Brasileiro não forma gueto", afirma. E, a contar pelo número crescente de emigrantes, também não teme entrar numa gelada.

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http://veja.abril.com.br/030310/bonjour-quebec-p-098.shtml

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(*) So Long, Farewell. A Noviça Rebelde. Richard Rodgers & Oscar Hammerstein II.

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