Preterido na corrida presidencial por imposição do presidente Lula, Ciro Gomes (PSB) subiu o tom dos ataques ao PMDB: “Quem manda no PMDB não tem escrúpulo ético nem republicano.
É um ajuntamento de assaltantes.” Sobre Serra, que havia elogiado, disse que é uma personalidade autoritária e tenebrosa.
Ciro, que será forçado pelo PSB hoje a desistir das eleições, volta a atacar o PMDB.
Em sua terceira entrevista às vésperas de ser preterido pelo PSB na corrida presidencial, por imposição do presidente Lula ao partido, o ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB) aumentou o tom dos ataques contra setores do PMDB, que classificou de “ajuntamento de assaltantes”.
Disse que o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), cotado para ser vice na chapa de Dilma Rousseff (PT), é o “chefe da turma de pouco escrúpulo”.
Ciro disse acreditar que Dilma estaria “rendida” se vencer com o apoio de aliados desonestos.
— O PMDB, como partido, não tem problema. O PMDB tem tantas virtudes e defeitos como qualquer outro. O problema é a hegemonia. O problema é que quem manda no PMDB não tem nenhum escrúpulo, nem ético, nem republicano nem compromisso público.
Nada. É um ajuntamento de assaltantes, na minha opinião — disse Ciro Gomes, continuando: — O Michel Temer hoje é o chefe dessa turma, dessa turma de pouco escrúpulo. Sem dúvida.
Sobre o presidenciável tucano, José Serra, a quem tinha elogiado como um candidato mais preparado que Dilma devido à experiência política, o deputado desta vez disse: — É um brasileiro bastante preparado, mas é uma personalidade autoritária e tenebrosa. Com o poder na mão, me parece um perigo para o país — disse Ciro, em entrevista gravada sexta-feira à emissora RedeTV!, que foi ao ar no fim da noite de domingo. Ele afirmou que Serra “sabotou o Real e sabotou Fernando Henrique”.
Em outro momento, fez um ataque gratuito: — Só quem não chora no Brasil é o Serra, que tem o olho de cobra e não se emociona com nada. O resto, quem tem emoção, deve chorar, e isso é para homem muito macho, não é para qualquer homem não.
O deputado repetiu a opinião de que Dilma pode perder as eleições, devido a erros como os que cometeu em sua pré-campanha, mas fez elogios ao caráter dela. O socialista amenizou a crítica que fez ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que estaria “navegando na maionese”.
Agora disse que Lula está com “salto alto” e lhe faltam conselheiros de peso para apontar os erros.
Sobre o PMDB, Ciro disparou uma lista de nomes do que considera ser o “ajuntamento de assaltantes”. Citou os deputados Eduardo Cunha e Nelson Bornier, ambos do PMDB-RJ.
Mais adiante, citou os senadores Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL), para dar exemplos de lideranças que permaneceram no poder nas gestões FH e Lula.
PSB formalizará hoje apoio a Dilma
Apesar dos ataques de Ciro, a Executiva Nacional do PSB irá formalizar hoje o apoio do partido a Dilma, com a garantia de que não haverá rompimento por parte do deputado com o presidente Lula. Ciro já teria mandado recados para o partido de que vai aceitar a derrota de hoje e sair de cena. A aposta, inclusive entre aliados de Ciro, é que ele vai pôr um ponto final nas hostilidades para preservar o futuro político do seu irmão, o governador Cid Gomes (PSB-CE), que disputa a reeleição.
Ontem à noite, a contabilidade indicava que, dos 18 votos da Executiva do PSB, mais de 70% eram contra a candidatura presidencial de Ciro.
Ele, que não deve participar da reunião de hoje do partido, deve tirar uma licença da Câmara dos Deputados e viajar. No regresso, vai se empenhar na campanha de Cid.
Com a formalização do apoio a Dilma, o PSB irá cobrar do presidente Lula o compromisso de avalizar o apoio de partidos aliados a candidaturas do partido aos governos estaduais.
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