Em artigo publicado hoje no "Wall Street Journal", a jornalista Mary Anastasia O'Grady critica o entusiasmo generalizado em relação ao Brasil e questiona o trabalho feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seus dois mandatos, e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Ambos, na sua avaliação, pouco fizeram além de dar continuidade aos avanços promovidos pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e o ex-presidente do BC Armínio Fraga.
Para ilustrar o artigo, o jornal escolheu a foto de uma blitz policial na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, no início deste ano. O artigo relata uma conversa que a jornalista teve com o empresário Eike Batista na semana passada, durante sua passagem pela cidade, e se mostrou mais cética em relação às possibilidades do País do que o consenso. Sob o título "Contenha seu entusiasmo", o artigo fala da euforia do próprio Eike ao tentar atrair investidores estrangeiros ao Brasil, ao participar do "Invest in Rio", seminário onde foi destaque.
"Que o senhor Batista é um disciplinado e uma sensação quando se trata de tomar risco, com vasta habilidade política, ninguém duvida. Mas será que as novas oportunidades para ele em petróleo e gás vão implicar uma maré crescente para o resto da nação?", diz o texto. "Podem me chamar de cética. Na verdade, quanto mais a elite do País fala das parcerias público-privadas para reinventar o Brasil, com sua recém-descoberta riqueza, mais isso soa como o mesmo velho corporativismo latino", acrescentou.
O artigo observa que segundo dados do Banco Mundial de 2010, no que diz respeito à facilidade de se fazer negócios num país, englobando impostos e o lado regulatório de cada economia, o Brasil aparece na posição de número 129, entre 183 nações, uma piora em relação ao ano passado, quando figurava em 127º lugar.
O texto destaca que o ambiente de negócios no Brasil fica bem para trás do Chile (49º), México (51º) e China (89º), com notas especialmente ruins nas categorias "iniciar um negócio", "pagamento de impostos" e "contratação de mão de obra". "Mas há outro sinais preocupantes", alerta a jornalista, se referindo ao que chamou de protecionismo na área de petróleo, que favorece especialmente os negócios de Eike Batista. E ressalta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode até receber muitos elogios de empreendedores, mas que uma análise mais apurada de seu trabalho mostra "que a melhor coisa que ele fez no comando do País foi 'nada'". "O que quer dizer que pelo menos ele não desfez das conquistas monetária e fiscal do senhor Cardoso", avaliou, referindo-se ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Sobre o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o comentário é de que o atual presidente do BC, fez "muito pouco" além de dar continuidade à política contra inflação do ex-presidente do BC Armínio Fraga e implementar algumas melhoras no que diz respeito à legislação.
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05/04/2010 - 12:26
Do UOL
Desde que o Brasil descobriu novas e promissoras reservas de petróleo na sua costa em 2007, o país parece ter abandonado várias reformas que deveriam deixá-lo em sintonia com sua ambição de conquistar um lugar entra as nações mais industrializadas do mundo. É o que diz um artigo no Wall Street Journal nesta segunda-feira assinado por Mary Anastasia O’Grady, editora e colunista do jornal americano de finanças.
O texto, intitulado “Contenha seu entusiasmo pelo Brasil”, questiona o otimismo manifestado no país sobre o sucesso das parcerias público-privadas na reinvenção “de um Brasil com sua nova riqueza”.
O’Grady se refere em particular ao entusiasmo manifestado pelo empresário carioca Eike Batista em uma recente passagem por Nova York. Ela conta que Batista, apontado como o homem mais rico do Brasil e o oitavo mais rico do mundo pela revista Forbes, “encantou a plateia com seu entusiasmo, não apenas por seus próprios projetos no desenvolvimento da exploração de petróleo, de portos e de estaleiros, como também pelo seu país”.
“Apesar dos muitos erros do passado, ele (Batista) disse que o Brasil mudou e está pronto para reclamar seu lugar de direito entre as nações industrializadas”, escreve.
Mas a autora do artigo se diz “cética” quanto ao otimismo de Batista, e se pergunta se o resto do país também vai se beneficiar das oportunidades que se abriram para o empresário no setor de gás e petróleo. “Quanto mais a elite do país fala sobre sua parceria público-privada para reinventar o Brasil com sua recém descoberta riqueza, mais soa como o mesmo velho corporativismo latino”, diz ela.
O’Grady admite que o Brasil melhorou “em relação ao que era em meados da década de 90, quando hiperinflação alimentou caos nacional”, e disse que “o crédito por controlar os preços vai para o ex-presidente de dois mandatos (Fernando) Henrique Cardoso, cujo governo implementou o Plano Real”.
A autora minimiza o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando do país, dizendo que “uma revisão de sua gestão revela que a melhor coisa que ele fez como chefe-executivo do país foi nada”. “Além da reforma da lei de falências e a melhoria da legislação relativa a seguros, ele (Lula) fez muito pouco.”
A jornalista considera positivo que mudanças sejam gradativas, mas diz que “o problema é que desde que o Brasil descobriu petróleo abundante na costa em 2007, parece ter abandonado até as reformas modestas”.
No artigo, ela sugere que faltam reformas que facilitem a operação de muitas empresas de pequeno e médio porte. Citando um relatório do Banco Mundial de 2010, O’Grady diz que o Brasil não tem um bom histórico em relação à abertura de empresa, pagamento de impostos, contratação de funcionários e obtenção de alvará de construção.
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Curb Your Enthusiasm for Brazil
The best thing the new government has done is leave its predecessor's reforms alone.
BY MARY ANASTASIA O'GRADY
Brazilian tycoon Eike Batista rocketed to eighth place this year on the Forbes list of the world's wealthiest individuals, from 61st last year. Now speculation is rampant that he is on his way to the top.
Powering Mr. Batista's soaring fortunes is black gold. His oil and gas company, OGX, won auctioned drilling rights in the shallow-water basin off the coast of the state of Rio de Janeiro, and it estimates its reserves at 6.7 billion barrels.
A self-made Rio billionaire is supposed to be daring, charismatic and visionary, and Mr. Batista does not disappoint. I caught up with him ...
http://online.wsj.com/article/SB10001424052702304871704575160103407271296.html
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