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terça-feira, abril 06, 2010
ELEIÇÕES 2010 [in:] A RECEITA DO ''CUCA''
Eleição e século XXI
Brasil - Antonio Delfim Netto |
Valor Econômico - 06/04/2010 |
Um fato lamentável, mas perfeitamente compreensível no processo político, é o esforço de desconstrução do passado que acontece a cada troca de poder incumbente. Mesmo quando ela se realiza de forma menos conflituosa (quando, por exemplo, o poder incumbente elege o seu sucessor), depois de algum tempo a força da própria natureza humana leva a uma separação. Inicialmente cuidadosa e psicológica, ela vai se reafirmando concreta e visivelmente ao longo do mandato. É enorme violência contra toda evidência histórica supor que o "sucessor" conforme-se em ser confundido com o "sucedido". E, uma enorme manifestação de ingenuidade do "sucedido" supor que poderá perpetuar-se anulando o "sucessor". Cada novo poder incumbente dá a sua contribuição (boa ou não) ao mosaico já construído por todos os anteriores. Não há como se livrar do passado, gostemos ou não dele. Por exemplo, todos os governos desde a abertura democrática (de Sarney a Lula) tentam mostrar que "revolucionaram" a distribuição de renda, o que é verdade em alguns momentos. Mas é também verdade que nenhum deles superou o que foi o maior programa assistencial brasileiro, feito no governo Médici, com a aposentadoria rural. Até hoje ele domina a soma de todos os produzidos desde então. Não há "continuidade" nem mesmo quando o poder incumbente aproveita o discutível benefício da reeleição sem controle social (a "jabuticaba brasileira"), que inventamos e está restabelecendo o "coronelismo" no interior do Brasil. Alguém pode crer que o segundo mandato de FHC tenha sido a continuidade do primeiro? Ou que o segundo mandato de Lula seja a reprodução do primeiro? Não se trata apenas de ênfase aqui ou ali, mas de mudanças concretas de políticas sociais e econômicas produzidas pelo aprendizado diante da realidade. O maior risco da reeleição sem efetivo controle social é que pode criar a oportunidade para o aparelhamento ideológico do próprio Estado, o que seria o começo do fim do processo autenticamente democrático. Não adianta discutir o passado. Ele, com o que teve de bom ou de mau, está dado e foi construído por nós. Também não adianta sonhar com o contrafactual. Não adianta imaginar o que seria o Brasil se José Bonifácio tivesse podido instruir e convencer dom Pedro II a 1) terminar com a instituição da escravidão; 2) dar educação primária gratuita a todos os brasileiros; e 3) construir uma poderosa indústria do aço na primeira metade do século XIX. Seríamos, hoje, provavelmente, tão ricos e educados quanto os EUA. E, talvez, com uma vantagem adicional: seríamos uma monarquia constitucional, elegendo apenas um primeiro-ministro! Tudo bem. Não somos e não podemos mudar o que aconteceu na Regência. Logo, não adianta discutir o passado. O melhor que podemos fazer é conhecê-lo. Os bons governos se constroem sobre boas instituições. Precisam ter a coragem de: 1) reconhecer o que foi bem construído no passado para não destruí-lo, ainda que, oportunisticamente, o ignorem no discurso; e 2) sobre os alicerces e problemas deixados por 510 anos de história, avançar na construção de uma nação socialmente mais justa, economicamente mais eficiente e integrada num mundo que se transforma física e politicamente com imensa rapidez. A transformação física da Terra não está sob o controle de nenhuma nação do mundo. O que talvez elas possam controlar, se chegarem a um acordo, são os efeitos antropomórficos a que levaram o uso das energias fósseis. Mas não podemos esquecer que foi com estas energias que o "homo sapiens" veio da idade da pedra à era do alegre e gostoso consumismo em que vive. O século XXI começou com a posse de Obama e a determinação dos EUA de reconstruírem a sua autonomia energética, expressa no discurso de maio de 2010, com o lançamento de um programa de pesquisa de US$ 800 milhões para a produção de combustíveis não fósseis (com alguma concessão à energia atômica). Lentamente ele não será mais apenas o mundo do petróleo. Abriram-se as portas para novos setores de pesquisa, novas inovações e novos produtos que modificarão a estrutura industrial do mundo. Energias renováveis vão substituir (ainda que lentamente) o petróleo. O desenvolvimento econômico é pouco mais do que inovação mais crédito, e os dois sobram nos EUA. É cada vez mais evidente que a solução da encrenca em que o sistema financeiro meteu a nação americana só se resolverá pelo crescimento. É por isso que, em 2010, ela provavelmente crescerá em torno de 3,5% (uma taxa mais do que robusta) explorando os novos caminhos. O Brasil está numa situação particularmente favorável. Recebeu primeiro o "bônus" da expansão da economia mundial (2003), cujo retrato é nossa reserva da ordem de US$ 240 bilhões e, depois, outro da natureza, a que demos o nome de pré-sal. Combinados, eles darão tempo para eliminarmos definitivamente os fatores que sempre abortaram nosso crescimento: a crise de energia ou o déficit não financiável do balanço em conta corrente. O que se espera dos candidatos à Presidência é que nos digam como - com essas vantagens - vamos construir a nação do século XXI que desejamos. O passado está no arquivo morto. O que interessa é o futuro. Por exemplo: como vamos enfrentar a revolução demográfica que bate à nossa porta e colocará o mais grave problema social e econômico do Brasil nos próximos 20 anos? |
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