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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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sexta-feira, abril 16, 2010

PT ENQUANTO PARTIDO POLÍTICO E POLÍTICA IDEOLÓGICA

O PODER DA MENTIRA E TÁTICAS PARA LUDIBRIAR A OPINIÃO PÚBLICA

sexta-feira, 16 de abril de 2010 | 6:05

Na Folha desta quinta, havia uma carta da assessoria da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. O jornal fez um “erramos”, e, do conjunto, Dilma e o partido pretendem fazer uma farsa. E é essa farsa que vou desmontar agora com paciência cirúrgica. Não deixem de ler este texto porque vocês verão um método do PT na sua absoluta clareza. Mas, antes, alguns princípios deste “consultório”.

A luta política é legítima. Não satanizo ninguém por tentar, afinal, vender o seu peixe ideológico. Também tenho as minhas convicções, crenças, valores. A minha exigência para haver diálogo: que não haja transigência na questão democrática. “Mas você vive atacando as esquerdas”. Verdade absoluta! Um pouco de esquerdismo sempre é um pouco de democracia liberal, que é a minha, a menos. Mas os ataques obedecem a uma escala: entre a rósea social-democracia e o comunismo vermelho de sangue, há diferenças. E, portanto, eu os trato diferentemente.

As coisas estão bem misturadas hoje em dia. O PT, por exemplo, não quer “socialismo”, aquele de corte soviético. Da herança bolchevique, ficou com o amor pela ditadura, que procura exercer por outros meios e métodos. E, por isso, não há como eu me entender com a metafísica do partido. E há, além ou aquém da ideologia, uma prática que me incomoda nessa gente: o amor pela mentira como um método.

Agora vamos cuidar de desmontar a farsa. Comecemos pelo… começo! Fui o primeiro jornalista a apontar — podem procurar — que Dilma Rousseff, para atingir o adversário José Serra, havia atacado os exilados naquele encontro ilegal que manteve com os sindicalistas em São Bernardo. O post foi publicado na madrugada de domingo: UM AZUL PARA O VERMELHO.

Não transcrevi a sua fala, sempre cheia de cacos e improvisos, não! Publiquei o texto que o PT distribuiu para a imprensa — PORTANTO, ERA A VERSÃO AUTORIZADA E ENDOSSADA PELA CANDIDATA E PELO PARTIDO. E qual é o conteúdo do polêmico trecho AUTORIZADO? Este:
Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, ser maltratada, mas estou sempre firme com minhas convicções. Em cada época da minha vida, fiz o que fiz por acreditar no que fazia. Só segui o que a minha alma e o meu coração mandavam. Nunca me submeti. Nunca abandonei o barco.

Escrevi, então, antes de qualquer reação negativa à fala bucéfala:
É uma indecência. Está se referindo ao fato de que José Serra se exilou para não ser preso pela ditadura militar. Está chamando isso de “fugir”, o que evidencia que essa gente não tem mesmo limites. Seus companheiros, Franklin Martins inclusive, seqüestraram pessoas para libertar presos políticos — justamente para que se exilassem. Havia uma ordem de captura contra Serra, e, mais tarde, foi enviada ao Chile uma recomendação para que ele fosse eliminado. Vejam como Dilma torna heróica a sua trajetória e tenta vilipendiar a do adversário. Isso é pistolagem retórica. Do mesmo modo que o PT assaca contra a história do país, Dilma assaca contra a história pessoal do oponente, não respeitando nem mesmo aquele que é um direito básico de todo ser humano: tentar fugir dos que querem capturá-lo — especialmente naquelas circunstâncias.

A fala, pois, que o próprio PT entregou à imprensa já é indecorosa. No discurso, Dilma ainda carregou um pouco mais nas tintas. Ora, dizer que “não foge”, que “não tem medo”, que “pode até apanhar”, inscreve o discurso num contexto claríssimo. Estava, sim, tentando pespegar a pecha de fujão no adversário, o que é uma barbaridade. Ao fazê-lo, atacava, obviamente, muito mais gente.

Profissionais da mentira
Durante três ou quatro dias, só restou a Dilma Rousseff afirmar que tinha sido mal interpretada, que se tratava de má fé, que ela não tinha querido dizer aquilo… Sempre na defensiva. E seus homens de “marquetingue” em busca de alguma saída. Até que ela surgiu. Eureka!!! E se materializou na tal cartinha publicada ontem na Folha. Eu a reproduzo na íntegra. Leiam com atenção:

A ex-ministra Dilma Rousseff nunca disse a frase “eu não fugi da luta e não deixei o Brasil”, publicada em parte dos exemplares da edição de domingo no texto “Dilma ataca rival e diz que não “fugiu” da luta na ditadura” (Brasil). A correção é necessária porque a informação errada deu margem a uma interpretação maliciosa do discurso da ex-ministra. Dilma Rousseff não se referiu em nenhum momento a pessoas que tiveram de deixar o país em qualquer circunstância. Segue a transcrição exata do trecho do discurso que foi deturpado: “Eu não fujo da situação quando ela fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Eu posso apanhar, sofrer, ser maltratada, como já fui, mas eu estou sempre firme com as minhas convicções. Em cada época da minha vida, eu fiz o que fiz porque acreditei no que fazia. Fiz com o coração, com a minha alma e a minha paixão. Eu só mudei quando o Brasil mudou, mas eu nunca fugi da luta ou me submeti. E, sobretudo, nunca abandonei o barco”.
É lamentável que a partir de um erro da própria Folha o jornal tenha dado curso, nas edições seguintes, a uma tentativa de manipulação política e eleitoral por parte dos adversários da ex-ministra.
O discurso da ex-ministra está em www.youtube.com/watch?v=KpkBQ4GHPjI&feature=player-embedded”
OSWALDO BUARIM JÚNIOR , assessor de imprensa de Dilma Rousseff (Brasília, DF)

Comento
Como aprecio esse tom indignado dos petistas!!! Ah, sim: a Folha fez um “erramos”. É este: “Em parte dos exemplares, foi publicado erroneamente que a pré-candidata do PT à Presidência disse, em evento em São Bernardo no último sábado: “Eu não fugi da luta e não deixei o Brasil”. A declaração correta, publicada na maior parte dos exemplares, é: “Eu nunca fugi da luta ou me submeti. E, sobretudo, nunca abandonei o barco”.

Voltei
COMO VOCÊS VIRAM, EU NÃO PRECISEI DA VERSÃO IMPRECISA — JÁ QUE NEM SE PODE DIZER QUE ESTEJA ERRADA — PARA DEIXAR CLARO, AFINAL DE CONTAS, O QUE FOI QUE DILMA DISSE E QUEM ELA ESTAVA PROCURANDO ATACAR.

A fala original de Dilma já é grave o bastante. Não precisa de qualquer erro, distorção ou imprecisão. Ela é o que é e tem o sentido que tem. Se não se referia aos exilados, referia-se, então, a quem? Quais são os seus adversários que fogem da luta? De qual luta? A versão a que as pessoas reagiram foi mesmo a correta, não aquela que circulou numa parte ínfima da edição da Folha. Na segunda-feira, o jornal ouviu alguns ex-exilados e políticos a respeito. E pediu que comentassem a fala que o próprio PT dá como correta.

Tática
Saibam que isso é uma tática para ludibriar a opinião pública. Há gente especializada no assunto: tanto serve para proteger um cliente quanto para tentar queimar um seu oponente. Quando flagrado numa bobagem, cumpre encontrar nas vozes que protestam uma falha, mínima que seja, e magnificá-la. O esforço consiste em fazer o debate se concentrar na falha e não mais na bobagem que foi dita.

E se não houver falha nenhuma? Ora, invente uma e responda à sua própria invenção, atribuindo-a ao adversário. Há um caso exemplar: no seu discurso em Brasília, no dia 10, Aécio Neves afirmou que o partido dissera “não” à Constituição. E o PT saiu gritando: “É mentira! Nós assinamos a Constituição”. Ué, mas quem disse que não? Assinaram, sim, mas não homologaram — “O PT assinou, mas não tragou”, como escrevi aqui.

Mentiras! Mentiras às pencas. Mentem sobre o passado; mentem sobre o futuro e mentem com impressionante desenvoltura sobre o presente. A troca da palavra “barco” por “país” num pequeno número de exemplares da Folha não muda absolutamente nada! Dilma atacou os que se exilaram e agora busca uma saída honrosa. E evidencia um traço preocupante de caráter: é incapaz de admitir um erro mesmo quando se trata de uma ignomínia.

E que se lembre: o intelectual petista Emir Sader — sei, gente, isso é um oximoro…— já vinha comparando as duas biografias, a de Serra e a de Dilma, e havia caracterizado um como fujão e outra como heroína. Dilma nada mais fez do que vocalizar o discurso obscurantista. A rede petralha, agora, aproveitará o “erramos” para acusar a Folha de perseguir Dilma. E vai cobrar compensações para o agravo que não houve.

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

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