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quinta-feira, junho 10, 2010

BANCO CENTRAL/COPOM [In:] ESTOURANDO A BOLHA...

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Copom pisa no freio e eleva juros

Juros com dois dígitos


Autor(es): Carolina Eloy Marta Nogueira
Jornal do Brasil - 10/06/2010

Um dia após o anúncio do crescimento do PIB brasileiro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central continuou pisando no freio do crescimento ao anunciar a elevação da taxa básica de juros para 10,25% ao ano.


Copom eleva a Selic para 10,25% ao ano, na segunda alta seguida da taxa

Para garantir o crescimento sustentável da economia e conter a pressão dois preços, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou ontem em 0,75 ponto percentual a Selic, para 10,25% ao ano. Esta é a segunda alta seguida da taxa básica de juros, que também foi elevada em 0,75 ponto na última reunião, em abril.

O instrumento de política monetária foi ativado para conter o avanço do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que deve fechar o ano bem acima da meta central do governo de 4,5%; a expectativa é de 5,25%. O IPCA desacelerou em maio para o menor patamar do ano, a 0,43%, depois dos 0,57% em abril, com uma trégua dos alimentos depois de quatro meses de alta.

Alta da Selic é equivocada Ex-ministro da Fazenda, ex-presidente do BC e consultor econômico da CNC, Ernane Galvêas disse ao JB que o aumento dos juros para conter a inflação é equivocado, já que o impacto mais significativo é para o próprio governo, com a piora da dívida pública.

O economista destaca que para garantir um crescimento estável e contínuo é preciso ampliar a poupança nacional.

– As medidas políticas e ficais do governo de garantir o crédito com bancos públicos e de fomento substituíram a poupança e foram importantes para tirar o país da recessão, mas são artificiais – explica Galvêas.

– No curto prazo, os recursos serviram para impulsionar a economia, mas podem não ser sustentáveis nos próximos meses.

Galvêas ressalta que a alta da Selic contribui para atrair capital estrangeiro e pressiona o câmbio para baixo, o que favorece as importações em detrimento das exportações. Para ele, este movimento prejudica a indústria nacional.

O professor da Ibmec Ruy Quintans destaca que não é possível manter um crescimento de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) sem que a inflação fique em torno de 5%. Para ele, o recuo do IPCA em maio pode ser reflexo da retirada das medidas de estimo ao consumo do governo e do aumento do compulsório (depósito dos bancos ao BC como garantia).

– Não tem como o consumo ceder muito este ano, que sofre com o efeito sazonal de aumento de vendas com a Copa do Mundo – avalia Quintans. – Para conter a demanda, o BC deve elevar a Selic a 11,5%até o final do ano.

O professor da FGV Samy Dana disse que a taxa de juros pode ficar em um dígito por mais tempo – como esteve de junho de 2009 a abril deste ano – com uma inflação sob controle e a economia caminhando para a estabilidade. Para Dana, na próxima reunião do Copom – nos dias 20 e 21 de julho – a Selic deve subir mais 0,75, chegando a 2011 em 11,5% ao ano.

O país teve uma recuperação muito boa, o consumo interno está muito bom e tudo está acontecendo como o esperado – declarou Dana.

O presidente do presidente do conselho da Anefac (associação de finanças), José Ranoel Piccin,

disse que houve atraso na elevação da taxa. Com o aumento da Selic leva cerca de seis meses para impactar na inflação, Piccin aponta que as duas últimas altas dos juros não serão capazes de reverter o quadro do IPCA para este ano.

– O impacto dos juros no consumo é mais rápido e já no terceiro trimestre deve aumentar os custos do crédito – diz Piccin. – No entanto, a demanda deve continuar forte.

Menos investimentos Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, o aumento da Selic vai desestimular os investimentos produtivos e prejudicar fortemente as contas públicas. Henrique defende que a medida trata-se de uma política assistencialista para banqueiros.

– Pelos cálculos do economista Amir Khair, se a taxa chegar a 11,75% até o fim deste ano, o Brasil gastará a mais com a rolagem da dívida o equivalente a R$ 13 bilhões – destaca Henrique.

Na avaliação do presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Benjamin Steinbruch, a decisão do Copom está dentro do esperado.

Em nota, a entidade afirmou que os primeiros meses de 2010 trouxeram alguma pressão inflacionária apenas em razão de ajustes pontuais e sazonais, como mensalidades escolares, passagens de ônibus, produtos in natura e álcool.

Steinbruch destaca que a inflação já está sob controle e, por isso, a Fiesp continua argumentando que o ciclo de aumentos da taxa básica de juros contraria a lógica dos números da economia e prejudica o desenvolvimento, incluindo o aspecto relevante da geração de empregos.

O Sindicato das Financeiras do Estado do Rio de Janeiro (Secif-RJ) considerou demasiada a elevação de 0,75 ponto. O presidente da entidade, José Arthur Assunção, lembra que até as expectativas de inflação já apresentam queda.

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