Antes de terminar o mandato, o presidente quer organizar a base aliada para evitar deixar Dilma, caso eleita, refém do PMDB. Certo da vitória de sua candidata, Dilma Rousseff, no próximo dia 3 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dedica àquela que considera uma de suas últimas tarefas antes de passar a faixa presidencial: organizar a base política do futuro governo e evitar que Dilma se veja obrigada a atender todos os pedidos do poderoso PMDB — que deve sair das urnas com a maior bancada(1) na Câmara e no Senado. Àqueles aliados que Lula considera eleitos, ele tem discutido a ideia de formar um bloco parlamentar para aglutinar partidos que sempre foram ligados ao PT, caso do PSB, do PCdoB, por exemplo. O projeto de Lula é deixar todos em pé de igualdade para a formação da equipe de Dilma Rousseff, caso ela venha mesmo a ser eleita como prevêem todas as pesquisas eleitorais.
Nas conversas que mantém desde que Dilma ultrapassou o tucano José Serra nas pesquisas, Lula tem dito aos aliados que “vocês agora têm que ajudar na política”. A preocupação do presidente é que, diante de uma base tão grande e heterogênea, Dilma termine refém dos grupos do PMDB. Por isso, vem desde já, discretamente, ensaiando os movimentos que fará tão logo a eleição termine. A proposta do bloco passou a ser discutida porque o presidente ainda não vislumbra clima político para fundar de pronto um novo partido capaz de abrigar o que seria a linha auxiliar ao PT. E, formado esse bloco, tanto na Câmara, quanto no Senado, a ordem é chamar o PMDB e dividir, primeiro, o comando das duas Casas Legislativas: se o PMDB ficar com a Câmara, o PT ficará com o Senado. Depois, os cargos do governo. Nessa ordem.
Ainda não está fechado quem fará parte desse novo nicho. Inicialmente, já estão escalados PSB e PCdoB e PDT. Paralelamente, a ordem é buscar um diálogo com que os aliados chamam de “PMDB mais saudável”, isto é, mais republicano e que não demonstra tanta avidez pela ocupação de cargos. E, ao mesmo tempo, por meio desse bloco, abrir uma avenida para conversar com a parcela do PSDB que governará estados(2) importantes.
Paz Lula não vê a hora de estabelecer a paz política com os tucanos. E acha que isso só será possível se “desligar o trator” em alguns estados como Minas Gerais. Pelo que Lula tem dito a aliados, ele não planeja investir todas as suas fichas na eleição de Hélio Costa ao governo mineiro. Até porque, depois da última semana, em que a pesquisa Ibope demonstrou uma virada na eleição em Minas, as pessoas próximas ao presidente o aconselharam a não entrar muito por lá. Assim, Lula sempre poderá dizer que, indiretamente, “ajudou” o governador mineiro e, assim, ter um Aécio grato, capaz de dar uma força para a abertura desse diálogo, especialmente, no primeiro ano de governo. Para completar, no caso do Senado, os lulistas acham muito difícil reverter a eleição em favor do PT. Por isso, entre Minas e São Paulo, a prioridade das conversas do partido com o presidente tem sido no sentido de buscar o segundo turno no território paulista.
1 - Esperança Os caciques do PMDB esperam eleger nas eleições de 3 de outubro 100 deputados e pelo menos 16 senadores — o partido, assim, entraria 2011 com 19 parlamentares no Senado.
2 - Territórios Os estados que o PT calcula que o PSDB pode vencer são Paraná e Minas Gerais. Pará, Goiás e São Paulo, que os tucanos contabilizam como promissores, ainda são, na opinião de Lula, territórios em disputa.
O número 162 Candidatos a governador estão aptos a participar do processo eleitoral, sendo que 13 tiveram seus pedidos negados pelos TRE. |
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