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quinta-feira, setembro 02, 2010

SPORT CLUBE CORINTHIANS PAULISTA/CENTENÁRIO [In:] ''... SALVE O CURINTIA" (*)

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01/09/2010 - 11h00

Lula diz que se sente sofredor e que quer voltar a soltar palavrão no estádio


FELIPE TCHILIAN
DO AGORA

Folha de SP


No dia em que o Corinthians completa cem anos de existência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao jornal Agora por e-mail, conta quais foram as suas maiores emoções com o time e que ainda pretende sentar na arquibancada e falar palavrões como um torcedor comum.


Jorge Araujo-31.ago.2010/Folhapress
Lula é homenageado pelo presidente do Corinthians, na noite de terça, na sede do clube
Lula é homenageado pelo presidente do Corinthians, na noite de terça-feira, na sede do clube

Lula comenta ainda quando resolveu virar um corintiano, mesmo morando em Santos (SP).

Como se tornou corintiano? De onde vem a paixão, a ponto de a única exigência na época da prisão era ter uma televisão para assistir aos jogos do Timão?

Eu cheguei a Santos ainda criança, em 1952, tinha seis anos, e a cidade tinha na época mais torcida do Corinthians do que do próprio Santos, o Pelé ainda não havia surgido. Eu convivia com muito corintiano à minha volta. Mas eu fui me tornar torcedor mesmo em 1954, quando o Timão ganhou o título do quarto centenário da cidade de São Paulo, um título histórico, muito disputado, todo mundo queria vencer. O Corinthians tinha um time extraordinário, uma linha com Claudio, Baltazar, Luisinho, só craque.

Pretende um dia ser presidente do Corinthians ou ajudar o clube de alguma forma direta?

O Corinthians tem pessoas competentes trabalhando 24 horas por dia que podem comandar o clube muito bem. Eu, quando deixar a Presidência, vou ajudar nas arquibancadas. Vou voltar a sentar num estádio, junto da torcida, para falar o palavrão que todo torcedor fala, para gritar. Eu adoro. A torcida, por si só, é um espetáculo - e a torcida do Coringão, a Fiel, é um espetáculo ainda mais extraordinário.

Qual foi a maior emoção e a maior decepção com o Corinthians?

Ah, a minha maior emoção foi quando a quebra do tabu contra o Santos, em 1968, depois de onze anos sem ganhar. Você veja, eu morei em Santos, me tornei corintiano lá, então, o Santos era um rival muito presente na minha vida. E com Pelé e companhia, dava ainda mais vontade de derrotar. Graças a Deus que o Paulo Borges e o Flavio marcaram aqueles gols no Pacaembu. Agora, uma grande decepção, um jogo que eu nunca esqueci, foi a perda do Paulista para o São Paulo em 1957. O Corinthians tinha ainda muita gente de 1954, o Claudio, o Luisinho, e o São Paulo com Maurinho, Amauri, Gino, Dino e Canhoteiro. Foi o primeiro jogo que eu vi ao vivo no estádio. Um tristeza...

Por que o Corinthians tem essa identificação tão forte com o povo?

É uma coisa meio inexplicável, mas eu acho que tem a ver com a origem do clube. O time foi fundado por alguns operários, gente trabalhadora, e contam que um deles, o Miguel Bataglia, que foi também o primeiro presidente, disse que o Corinthians ia ser o time do povo e o povo é quem ia fazer o time. E só num clube desses é que poderia ter nascido aquele movimento que misturou futebol com política, que queria liberdade para o povo, a Democracia Corintiana, com pessoas importantes como Sócrates, Casagrande, que não eram e não são apenas jogadores, tinham e têm até hoje consciência política.

O senhor se considera maloqueiro e sofredor? Por quê?

Eu acho que sou sim um sofredor, porque sou de uma geração que pegou o jejum de 23 anos sem ganhar nada, e foi o tempo em que eu mais fui ao estádio, mais gritei na arquibancada. E foi também, acho, o período que a torcida mais cresceu. Quer dizer, quanto mais o time perdia, mais a gente gostava e torcia. Só pode ser coisa de sofredor, mesmo...

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(*) Som que se ouve nos estádios.

Salve o Corinthians,
O campeão dos campeões,
Eternamente dentro dos nossos corações
Salve o Corinthians de tradições e glórias mil
Tu és orgulho
Dos esportistas do Brasil.
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