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quarta-feira, setembro 26, 2012
O CÉU É O LIMITE
PRB quer Lula, Dilma e PT no palanque de Russomanno no 2º turno
DE BRASÍLIA
O "bispo licenciado" é uma categoria de religiosos da Iurd para trabalhos externos em áreas de interesse da organização. De licença, Marcos Pereira não exerce atividades religiosas em tempo integral, mas mantém o vínculo com a igreja.
No caso de Fernando Haddad (PT) passar ao segundo turno na eleição paulistana, o dirigente do PRB dá um sorriso. Sugere uma fórmula para a presidente Dilma:
"Eu imagino que ela deverá, obviamente, apoiar o Fernando Haddad. Mas sem críticas e sem tons agressivos ao outro candidato, que a apoiou na sua eleição em 2010 e o partido que a apoiou e hoje faz base do governo dela".
Marcos Pereira relatou também como foi o processo que levou o PRB a assinar um manifesto de partidos governistas em defesa de Lula, insinuando que a oposição estaria preparando um golpe.
Segundo o dirigente do PRB, coube ao ministro Marcelo Crivella (Pesca), que é do seu partido, analisar o documento a pedido do presidente do PT, Rui Falcão. "Eu não tive participação nenhuma na construção do texto, nem sequer li o texto", afirma Pereira.
Ele não diz que discorda, mas faz uma ressalva sobre o trecho que fala em golpe: "Eu teria discutido um pouco mais com eles o conteúdo da carta. Não há que se falar em golpe, na minha opinião".
Conciliador, Marcos Pereira retirou nesta semana de seu blog um texto escrito há um ano e meio e considerado ofensivo pela Igreja Católica. O líder do PRB sugeria ligação de católicos à proposta de distribuir um kit anti-homofobia em escolas. O caso agora ficou para trás: "Eu não estou aqui para julgar o que a Igreja Católica faz e deixa de fazer. Nós não devemos ficar discutindo religião [na campanha] porque isso é muito ruim para o fortalecimento e amadurecimento da democracia brasileira".
PERFIL
O advogado Marcos Antonio Pereira, de 40 anos, pode ser encaixado dentro do grupo de brasileiros emergentes dos quais tanto se fala neste início de século 21. De origem humilde, ascendeu a postos de direção na Igreja Universal do Reino de Deus e na TV Record. Hoje, é o presidente nacional do PRB (Partido Republicano Brasileiro).
Logo ao nascer, Marcos conta ter sido entregue para uma família de um mecânico de automóveis em Linhares, no interior do Espírito Santo. Nunca conheceu a mãe biológica. "Procurei, mas não achei. Agora, só se eu fosse no Programa do Ratinho, mas não acho que seja o caso", diz, bem humorado. Ele se diz resolvido sobre esse assunto e mostra, espontaneamente, um documento no qual só aparece o nome da mãe e não o do pai.
"Minha mãe era empregada doméstica em São Paulo. A história que me contam é que ela engravidou do patrão. Voltou para o Espírito Santo. Depois que eu nasci, foi embora e ninguém mais teve contato com ela".
Aos cinco anos, Marcos Pereira foi morar com a mãe de seu padrasto, em São Mateus, outra cidade do interior capixaba. Estudou em escolas públicas. Formou-se em 1989 como técnico em contabilidade após ter cursado o antigo segundo grau (hoje ensino médio) profissionalizante.
Tinha 17 anos e havia sido educado na fé católica. Chegou a pensar em ser padre. Mas acabou mesmo entrando para a Igreja Universal do Reino de Deus, em São Mateus. O templo funcionava na casa de sua futura (e até hoje) mulher. Aos 20 anos, já era pastor e tinha um escritório próprio de contabilidade.
Loquaz e com raciocínio organizado em suas apresentações, passou dois anos em Colatina, uma cidade média do Espírito Santo. Em 1994, a Universal o chamou para o Rio, onde passou a desempenhar funções administrativas na organização religiosa.
Em 1999, foi promovido a bispo. Em outubro do mesmo ano, foi transferido para São Paulo para ser o segundo homem na hierarquia administrativa da igreja no Brasil.
Sua capacidade organizacional o catapultou em 2002 para a TV Record, emissora ligada à Igreja Universal. Lá, foi diretor de rede, vice-presidente ("quando só havia um vice-presidente"), vice-presidente executivo e de relações institucionais.
Todas essas atribuições fizeram com que Marcos Pereira atrasasse suas pretensões acadêmicas e políticas. Só em 2005 formou-se em direito pela Unip. No ano seguinte, matriculou-se num mestrado na PUC, mas cursou só um semestre.
Preferiu se dedicar a uma maratona de aulas diárias no Instituto Berlitz em 2006. Hoje, é fluente em inglês. "Falo inclusive inglês jurídico. Falo com advogados internacionais em inglês", afirma. Em 2009, fez uma especialização em direito e processo penal no Mackenzie.
O curso no Mackenzie o animou a fazer carreira fora da Igreja Universal e fora da Record. Ele havia montado LM Consultoria em 2003, para prestar assessoria contábil e jurídica. Resolveu então deixar em 2010 o cargo de direção que ocupava na emissora de TV do bispo Edir Macedo.
Durou pouco tempo esse afastamento. Em 9 de maio de 2011, Marcos Pereira foi aclamado presidente nacional do PRB. Ele nem havia participado da montagem da legenda nos anos de 2004 e 2005. Mas o partido que passou a ser o braço político da Universal e da TV Record precisava dele para uma nova fase de crescimento.
"Quando eu tinha 18 anos, cheguei a pensar em me candidatar a vereador em São Mateus. Mas não deu. Eu passei muitos anos filiado ao PT do B. Depois, no início dos anos 2000, estive no PSB", relata.
Com 1m62 de altura e 60 quilos, o presidente do PRB é crítico com sua forma: "Estou precisando emagrecer. Mas de esporte eu não gosto muito. Torço para o Vasco, só que acompanho futebol mesmo durante a Copa do Mundo", diz. Vai se candidatar? "Não posso descartar. Só que 2014 talvez ainda seja cedo para mim".
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