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segunda-feira, outubro 15, 2012

CLASSE D [In:] ''NOS PEGUE PAGUES DO MUNDO ..." *



POR QUE A CLASSE D É O ALVO DA VEZ

CLASSE D É NOVO FOCO DO CONSUMO


Autor(es): ANTONIO TEMÓTEO
Correio Braziliense - 15/10/2012
 
Depois de aproveitar expansão da camada intermediária de renda, empresas miram famílias com salário médio de R$ 952

O crescimento da classe média brasileiro nos últimos anos colocou o país no radar das grandes empresas globais, tanto das que já possuíam operações aqui quanto dos que ainda não haviam acordado para a importância do nosso mercado. O foco desse impulso foi a classe C. Agora, as empresas que pretendem expandir seus negócios já dedicam atenção ao estrato mais baixo, a classe D. Em 2011, esse grupo de consumidores movimentou R$ 363,3 bilhões na economia, devendo neste ano ampliar essa presença para
R$ 409 bilhões, segundo pesquisas do Instituto Data Popular e da Whirpool, multinacional norte-americana que é dona de várias marcas de eletrodomésticos, incluindo a Brastemp.

De acordo com o critério da Data Popular, a classe D é composta por famílias que têm renda média de R$ 952. Esse segmento, juntamente com os do estrato inferior, teve ganho de renda de 28% nos últimos dez anos. A classe intermediária (C) teve aumento maior, de 54%. Mas as classes mais ricas (A e B) avançaram menos do que as mais pobres: 18% (leia quadro abaixo).

O sócio-diretor do Data Popular Renato Meirelles explica que as pessoas de baixa renda, que antes não tinham sequer geladeira ou fogão, passaram a incluir esses produtos na lista de compras. Dados da Whirpool mostram que, em 2002, apenas 64% dos lares da classe D tinha um televisor, 70%, uma geladeira, e só 10%, um celular. Em 2012 a realidade mudou e a presença da TV subiu para 97%, da geladeira para 96% e do celular para 86% (leia quadro ao lado).

Apesar do peso conquistado no mercado, a classe D tende a diminuir nos próximos anos porque o ritmo de crescimento de renda continua acelerado e esse estrato ascenderá socialmente. “As empresas que souberem se relacionar com esse público terão mais chance de dar certo no mercado e conquistar esses consumidores”, completa o diretor do Data Popular. Ele relata que muitas grandes redes de varejo estão abrindo lojas na periferia exatamente para ficar mais perto desse público.

O professor de economia de empresas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Otto Nogame ressalta que, mesmo com a disposição de ir às compras, parte significativa dos gastos da classe D é com alimentação e transportes. Na opinião do especialista, somente após atender as necessidades básicas, esses brasileiros pensam em adquirir produtos de linha branca ou de higiene pessoal. “Há grande preocupação com a estética, sobretudo entre as mulheres. O creme de pele, que antes era um luxo, ganhou espaço no orçamento”, destaca.

Bom pagador
Além de ser exigente, quem tem renda média familiar de R$ 952 mantém as contas em dia. Conforme o sócio da consultoria de varejo e planejamento Neocom Informação Aplicada, Alexandre Ayres, a condição de bom pagador é predominante porque somente pelo acesso ao crédito esse tipo de consumidor consegue satisfazer o desejo de ter uma máquina de lavar ou uma televisão em casa. Ayres também afirma que os programas de transferência de renda e promoção social conduzidos pelo governo foram fundamentais para reforçar o orçamento dessas famílias. “Boa parcela desses benefícios está concentrada no Norte e Nordeste, regiões onde essas classes são representativas”, observa.

Sob encomenda
Interessada em faturar com vendas para esse público, a Phillips — gigante holandesa que produz eletrodomésticos e eletrônicos — traçou uma estratégia para impulsionar os negócios com televisores de LED para a classe D. Alessandra Aguiar, gerente de marketing de produtos da TP Vision Brasil, responsável pela divisão de TVs da Philips, informa que uma linha desse produto, no valor médio de R$ 1 mil, é a aposta da marca para atrair esse público.

Até o fim do ano a empresa deixará de fabricar aparelhos LCD e apostará nas duas linhas LED que já estão no mercado. “Pesquisas mostram que 95% dos lares brasileiros ainda têm televisão de tubo. Haverá uma corrida para trocar esses aparelhos e o modelo mais simples que produzimos consome 10% menos energia do que as de LCD. Apostamos na classe D e sabemos o poder de compra que ela tem.”


» Participação crescente

Renda média e variação por
classe nos últimos dez anos

Faixas    (Em R$)    Crescimento

A             14.561           18%
B               
6.275    

C               2.341           54%

D                  952          28%
E                  
479    



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(*) Raul Seixas.
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