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segunda-feira, novembro 26, 2012

OPERAÇÃO PORTO SEGURO [11]. INVESTIMENTOS SEGUROS



Paulo Vieira é dono de oito imóveis em SP e Brasília


Autor(es): Germano de Oliveira, Marcelle
O Globo - 26/11/2012
 

Cobertura na Asa Sul teria sido comprada por R$ 1,56 milhão em dinheiro vivo, diz inquérito
SÃO PAULO 
Chamado pela Polícia Federal de chefe da quadrilha que cooptava servidores com o objetivo de obter vantagens para empresários junto a órgãos federais, Paulo Rodrigues Vieira, diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas, tem pelo menos oito imóveis, mas nem todos estão em seu nome, segundo o inquérito da PF. Um apartamento de R$ 515 mil na Rua João Ramalho, no bairro Perdizes, na capital paulista, foi registrado em nome de uma empresa do grupo, a Rio Gavião Comércio e Serviços, que ele tem em sociedade com o irmão Marcelo Vieira.
Há indícios de que uma cobertura duplex na Asa Sul, em Brasília, foi comprada de um coronel do Exército em dinheiro vivo por R$ 1,56 milhão. As informações sobre a compra aparecem em gravações feitas pela polícia.
No inquérito da operação Porto Seguro, sob responsabilidade da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, consta que a compra dos imóveis deve ser alvo de outro inquérito, para apurar lavagem de dinheiro.
Paulo Vieira também seria proprietário de dois flats na Alameda Lorena, no Jardins. Para que a prisão de Paulo fosse efetuada, a Justiça listou os oito imóveis onde ele poderia ser encontrado, nas cidades de Brasília, Ubatuba (SP), São Paulo e Cruzeiro (SP).
Faculdade seria usada no esquema
A movimentação financeira do grupo de Paulo Vieira é tema de vários relatórios da PF. Segundo o inquérito, a mulher de Paulo, Andreia Cristina de Mendonça Vieira, é dona da Associação Educacional e Cultural Nossa Senhora de Aparecida (Educa), mantenedora da Faculdade de Ciências Humanas de Cruzeiro (Facic), em Cruzeiro, no interior de São Paulo.
A Justiça Federal decidiu bloquear contas bancárias da Educa, semana passada, por entender que há sérios indícios de que são usadas como destinatárias de recursos suspeitos, usados para a prática de crimes ou frutos destes. A sala da diretoria da Facic foi alvo de mandado de busca e apreensão da PF.
Um dos irmãos de Paulo Vieira, Rubens Carlos Vieira, diretor da Anac, admite ter uma grande quantidade de dólares em sua residência, em conversa gravada que teve com pessoa identificada como Lívia em maio deste ano. Rubens disse que poderia vender US$ 5 mil diretamente a Lívia por um bom preço. O inquérito afirma que esse fato indica a prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.
Paulo Vieira chegou a ter um restaurante no bairro Jardins, na capital paulista, em 2009, que fechou, e uma rádio. Segundo a PF, o grupo chefiado por Paulo Vieira é composto pelos irmãos dele, Marcelo Rodrigues Vieira e Rubens Carlos Vieira, diretor da Anac; e pelos advogados Marco Antonio Negrão Martorelli, Lucas Henrique Batista e Patrícia Santos Maciel de Oliveira. Os advogados são suspeitos de assinar peças jurídicas produzidas por Paulo Vieira em casos em que há suspeita de corrupção. Os seis foram detidos, mas Patrícia já estaria em liberdade.
A quadrilha comandada por Paulo Vieira é acusada de cooptar servidores do Tribunal de Contas da União (TCU), do Ministério da Educação (MEC), da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), da Advocacia Geral da União (AGU) e dos Correios para produzir pareceres técnicos favoráveis a empresas e pessoas que tinham interesses junto a órgãos federais, além de acelerar processos. Paulo é apontado como pessoa que "possui muitos contatos, em diversas esferas do poder".

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