CADA POVO COM O SEU GOVERNO...

Domingo de protestos contra o senador Renan Calheiros

Autor(es): Renato Onofre

O Globo - 25/02/2013

O domingo foi de protesto no Brasil e no exterior contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), denunciado pela Procuradoria Geral da República pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documentos falsos e peculato. Com cartazes e faixas, centenas de manifestantes foram às ruas de 33 cidades no Brasil e cinco no exterior pedir o impeachment do senador. Em Alagoas, terra natal do parlamentar, a manifestação fracassou, e apenas 20 pessoas se reuniram na Praça Multieventos, na orla da Praia de Pajuçara, em Maceió. Os organizadores culparam a falta de publicidade pelo baixo quórum na capital alagoana. Na semana passada, com caixas de papelões vazias que simbolizaram as 1,6 milhão de assinaturas recolhidas na petição eletrônica, manifestantes foram recebidos por seis senadores em Brasília, que prometeram analisar o documento para definir qual deve ser o encaminhamento na Casa, mas admitiram não ter amparo legal para dar início ao processo de cassação. No Rio, nem o forte calor de ontem desanimou os cariocas que pintaram as caras de verde e amarelo e foram à orla de Copacabana pedir o afastamento do senador. No protesto, os cerca de 200 manifestantes cantavam a todo momento "ei, você aí, avisa pro Renan que ele vai ter que sair". - Este é só o primeiro ato. O brasileiro tem que vir às ruas e cobrar mais transparência e ética dos governantes. É uma afronta à população ter um senhor como Renan Calheiros no comando do Senado - reclamou o estudante Felipe Fabrício, um dos organizadores da mobilização pelas redes sociais. Em São Paulo, cerca de cem pessoas voltaram a interditar faixas da Avenida Paulista, no coração financeiro da capital, para protestar. Usando nariz de palhaço e carregando faixas - uma delas dizia: "Renan, larga o osso" -, homens e mulheres também apitavam e gritavam pedindo para o senador ser afastado. Já na capital federal, 50 pessoas protestaram em frente ao Congresso. Para o bancário Rodrigo Montezuma, o senador perdeu as condições morais de permanecer no cargo desde que foi denunciado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. - Quando ele (Renan) renunciou, não houve investigação sobre as denúncias (de receber favores de uma empreiteira). O retorno dele (à presidência) é um tapa na cara - disse Montezuma. Em 2007, o parlamentar renunciou à presidência do Senado para não ser cassado após a revelação de que uma empreiteira pagava a pensão de sua filha com a jornalista Mônica Veloso. A mobilização também aconteceu em frente a postos do Itamaraty na França, na Irlanda, na Nova Zelândia, em Portugal e na Austrália. ---