Campos, o campeão em horas de voo
Presidenciáveis negam antecipação da campanha, mas intensificam agendas pelo país. Depois do pernambucano, Dilma e Aécio foram os que percorreram as maiores distâncias.
Campos é o líder em horas de voo
Apesar de negarem a intenção de antecipar 2014, presidenciáveis intensificam agendas pelo país. O governador de Pernambuco percorreu a maior distância, seguido pela presidente Dilma Rousseff e pelo senador Aécio Neves
KARLA CORREIA
A despeito da postura evasiva sobre as possíveis candidaturas ao Palácio do Planalto em 2014, prováveis adversários na corrida presidencial têm ampliado seus deslocamentos pelo país. E quem lidera a lista de quilômetros percorridos em busca de maior exposição no Sudeste e Sul do país é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Embora tenha tido o mesmo número de deslocamentos da presidente Dilma Rousseff, foi ele quem mais gastou a sola do sapato desde o início do ano. Os dois, ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG), se empenham em desenhar roteiros típicos de presidenciáveis em suas andanças, ao mesmo tempo que evitam se posicionar como candidatos e trocam acusações sobre quem seria o responsável pela antecipação da campanha presidencial.
Em busca de maior exposição além das fronteiras da Região Nordeste, Eduardo Campos ainda saiu dos destinos tradicionais. Nos quatro primeiros meses do ano pré-eleitoral, o governador já se deslocou 13 vezes para fora do estado, de acordo com a agenda oficial divulgada no site do governo pernambucano. Em cada excursão, Campos enfrenta uma nova maratona de visibilidade. Em fevereiro, fez uma aparição na feira de tecnologia Campus Party, em São Paulo. Repetiu à exaustão o slogan “o Brasil precisa fazer mais”, em palestra durante o Congresso Paulista dos Municípios, que ocorreu em Santos (SP), em abril. Em Porto Alegre, também no mês passado, defendeu “mais avanços” na política social. Os ataques pontuais ao governo federal, sobretudo quanto à condução da política econômica, são frequentes nos compromissos do governador pernambucano em outros estados.
“Trata-se de um debate que o governo não quer fazer e se esforça para jogar para debaixo do tapete”, diz o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), um dos principais defensores da candidatura própria da legenda em 2014. “O Eduardo é um dos grandes articuladores do país e defende ideias muitas vezes divergentes do caminho adotado pelo governo. Ele é convidado para expor essas ideias, e isso é sinal de que ele é uma personalidade que está sendo reconhecida fora do Nordeste, não que está em busca desse reconhecimento”, defende. Para efeito de comparação, em 2012, foram apenas três as viagens de Campos para fora de Pernambuco, no mesmo período.
Aliados distantes
Não por acaso, a Região Nordeste — zona de influência do governador pernambucano — se transformou no foco das atenções da presidente Dilma Rousseff. Dos 22,8 mil quilômetros percorridos pela presidente no país só neste ano, 79% foram no Nordeste. Mais da metade das cidades brasileiras visitadas pela presidente desde o início de 2013 até a semana passada são nordestinas. A disputa entre Dilma e Eduardo Campos na região tem sua tensão aumentada pela seca — a pior dos últimos 50 anos. O pacote de R$ 9 bilhões destinado pelo governo federal à região foi criticado pelo pernambucano na saída do evento que marcou o anúncio do programa, no início de abril, em Fortaleza. “As propostas continuam as mesmas, o que avançou mesmo foi a seca”, sentenciou Campos. O secretário de Comunicação de Pernambuco, Evaldo Costa, justificou o périplo do governador: “Todas as viagens feitas por ele foram a convite de partidos ou para defender os interesses do estado. Não foram viagens de campanha”.
Aécio é, até o momento, o candidato em potencial que menos acumulou “milhagem”. Foram apenas três viagens para compromissos políticos fora do eixo Minas-Distrito Federal — onde cumpre agenda parlamentar. “Não se manterá assim por muito tempo”, diz o deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG). A ideia é de que o senador intensifique as viagens a partir da convenção nacional do partido, marcada para maio, que deve elegê-lo presidente da legenda. “Até agora, ele tem se dedicado mais a costurar a união interna do PSDB”, diz Castro.
Já cortejado por Campos e Dilma, o Nordeste deve ser uma das prioridades do senador mineiro, afirma o deputado, que ajuda a construir o roteiro de viagens de Aécio no segundo semestre. Mas o ponto de partida deve ser o interior de São Paulo, onde o PSDB é forte e, também, onde se concentra boa parte da influência de José Serra.
De acordo com um tucano próximo a Aécio, o presidenciável tem concentrado as atenções no estado e buscado recompor o diálogo com Serra. “O clima entre eles hoje está muito melhor do que estava no ano passado, por exemplo”, avalia o aliado de Aécio.
O périplo pelo interior de São Paulo terá a função de demonstrar essa coesão, afirma Castro. “Além disso, vamos buscar regiões que têm sido castigadas por problemas que o governo não resolve. Seremos o contraponto do governo Dilma”, afirma o deputado.
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