Cabral recua e nega apoio a Aécio Neves em 2014
Por Paola de Moura | Do Rio
Preocupado com a repercussão negativa de suas declarações na reunião com governadores e ministros do PMDB na casa do vice-presidente Michel Temer, na noite de terça-feira, em Brasília, o governador do Rio, Sérgio Cabral, fez questão ontem de esclarecer que não havia feito afirmações tão contundentes de um possível apoio ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) nas eleições presidenciais de 2014 caso o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) não desista de se candidatar ao governo estadual.
"Eu não falei nada com a imprensa. Foram intrigas", disse.
"Ninguém vai me intrigar com a presidenta Dilma [Rousseff]
", acrescentou ao ser perguntado sobre a condução econômica dada pelo governo federal.
Cabral contou que todos os presentes na reunião de terça estavam analisando as candidaturas possíveis para 2014. "Falamos do Aécio, da Marina [Silva] e do governador Eduardo Campos (PSB-PE). Foi uma troca de ideias e eu acrescentei que o Aécio é meu amigo e que meus filhos mais velhos têm o sobrenome Neves", ressaltou.
Na avaliação de petistas do Rio, pegou mal para o governador fazer esse tipo de chantagem contra o governo federal. Principalmente porque o Estado do Rio é o maior beneficiado no país com verbas da União. Dados do portal de transparência mostram que em 2012 o Rio recebeu R$ 10,1 bilhões de recursos federais, enquanto o segundo colocado, o Estado da Bahia, levou R$ 7,2 bilhões. Tem sido assim pelo menos desde 2004, ano em que começam as informações disponíveis no site. A diferença é que, naquele ano, o Distrito Federal era o segundo colocado e que, entre 2005 e 2007, São Paulo.
Ontem, Cabral chegou a elogiar o senador Lindbergh quando perguntado se estava satisfeito com a participação do PT em seu governo. "Estou muito feliz com meus dois secretários. E também estou satisfeito com a atuação do senador que ajudei a eleger", afirmou o governador sem citá-lo pelo nome.
No entanto, voltou a criticar as ambições do petista. O governador chamou a candidatura petista de um projeto pessoal menor. Ele ressaltou a importância da aliança entre os dois partidos para o sucesso das políticas econômica e de segurança do Rio.
"É esquizofrênico ter dois palanques no Rio. Isso não acaba bem. Estamos falando de um palanque que está fazendo críticas ao meu governo. Estamos falando também de políticas públicas, que têm o apoio do governo federal", disse.
Sobre as pesquisas que apontam a liderança de Lindbergh na corrida ao Palácio Guanabara, o governador disse que essa é uma corrida longa. "Lembro que em junho de 2008, quando lançamos Eduardo Paes à prefeitura, ele não tinha nem 7% nas pesquisas", afirmou.
O governador reafirmou acreditar que no fim, o projeto de continuidade de governo do PMDB, com o vice-governador Luiz Fernando de Souza "Pezão" seja mantido. "Tenho certeza absoluta de que projetos pessoais ficarão subordinados a um projeto maior, de governo. Estamos discutindo um projeto de governo que fez a UPP, a UPA, que trouxe a Jornada Mundial da Juventude e a Olimpíada. Esse projeto no Rio é capitaneado pelo PMDB, e deve ser mantido", concluiu.
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