Meu caro futebol...
Quanto custa uma paixão? No esporte mais popular do mundo, ela alcança cifras astronômicas. Por exemplo, o dinheiro gasto nos seis estádios para a Copa das Confederações, que começa sábado: R$ 4,8 bilhões. No campo, os valores também impressionam. Os jogadores da Seleção Brasileira, no mercado, valem juntos R$ 1,1 bilhão. Os japoneses, rivais na abertura do torneio, mal chegam a R$ 300 milhões. E a conta desse negócio bilionário fica para os torcedores. Além dos ingressos caros, eles vão gastar muito nas arenas. O preço de uma cerveja no Mané Garrincha será de R$ 12! Um copo de água, R$ 6. Sobra até para os turistas, que em Brasília desembolsam, em média, R$ 449 por uma diária nos hotéis.
Bomba-relógio
Juntos, os estádios da Copa das Confederações estouraram em 41,1% o orçamento inicial previsto. Para piorar, duas arenas ainda não atingiram os 100% a dois dias do início do torneio
Às vésperas do início da Copa das Confederações, os estádios que vão receber jogos ainda contam com problemas, mesmo já inaugurados e entregues à Fifa. Juntas, as arenas escolhidas para o torneio extrapolaram em 41,1% o orçamento inicial no primeiro balanço do Ministério do Esporte. Os seis equipamentos foram orçados em R$ 3,4 bilhões, mas custaram R$ 4,8 bilhões.
Os mais problemáticos são os mais caros: o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e o Estádio Mário Filho (Maracanã), que ainda não atingiram 100% das obras concluídas, restando apenas dois dias para o início da competição. Máquinas ainda circulam no entorno dos dois locais. As longas filas e a dificuldade de acesso também preocuparam durante os eventos testes que elas receberam.
O Castelão, em Fortaleza, foi o único empreendimento a respeitar o orçamento original, sem aditivos, enquanto o Maracanã foi o recordista em documentos complementares ao orçamento original: 10 aditivos foram assinados ao longo dos três anos de reforma. Em Pernambuco, o que mais preocupa é o futuro, uma vez que a arena foi construída em um local onde ainda não há comércio e residências.
Em todos os casos, os responsáveis pelas obras culparam detalhes de acabamento pelos aumentos nos valores iniciais. Os problemas não comprometem a realização da competição, mas podem dar dor de cabeça em quem pretende ir aos jogos. O Correio reuniu as principais informações e resumiu os problemas.
Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha
Orçamento previsto: R$ 702 milhões
Custo final: R$ 1,2 bilhão Variação: 72,2% Estágio das obras: 97%
Em Brasília, a dificuldade de acesso ao novo Mané Garrincha, principalmente por deficientes físicos, está entre as principais críticas. Torcedores que estiveram em Brasília x Brasiliense ou Santos x Flamengo reclamaram da dificuldade para chegar e das longas filas. Detalhes de acabamento também chamaram a atenção nas duas partidas: falta de pintura em alguns locais, torneiras não instaladas e azulejos fora de lugar. A Secopa-DF justificou que o orçamento inicial não continha obras de acabamento para o estouro na previsão inicial.
Arena Pernambuco (Recife)
Orçamento previsto: R$ 532 milhões
Custo final: R$ 650 milhões Variação: 22,1% Estágio das obras: 100%
A preocupação maior é quanto ao transporte dos torcedores, já que o estádio fica longe dos principais pontos de Recife, em uma área que ainda não há ocupação imobiliária. O teste de fogo, contudo, será apenas durante a Copa das Confederações, quando o local receberá três jogos. Algo que incomodou os torcedores foi o alcance da cobertura, que deixa 20% das arquibancadas desprotegidas. A Secopa-PE alega que o aumento no preço ocorreu porque a arena foi selecionada para a Copa das Confederações e teve de acelerar o ritmo.
Arena Castelão (Fortaleza)
Orçamento previsto: R$ 518,6 milhões
Custo final: R$ 518,6 milhões Variação: 0% Estágio das obras: 100%
Único estádio da Copa das Confederações a ser concluído sem aumento no valor previsto, o Castelão foi também o primeiro a ser inaugurado, em dezembro de 2012. Mas nem tudo é para se comemorar: o entorno da arena ainda é um grande canteiro de obras e causa transtornos aos torcedores. De acordo com a Secopa municipal, as obras de mobilidade nas imediações serão entregues em 15 de junho, quatro dias antes do primeiro jogo da Copa das Confederações na cidade. Porém, apenas 80% delas estão concluídas.
Arena Fonte Nova (Salvador)
Orçamento previsto: R$ 591,7 milhões
Custo final: R$ 689,4 milhões Variação: 16,5% Estágio das obras: 100%
O estádio da capital baiana foi o que passou por mais testes até agora, recebendo jogos de Bahia e Vitória frequentemente. Na Copa das Confederações, a arena será sede de dois jogos da fase de grupos, incluindo Brasil x Itália, e também da disputa de terceiro lugar. Em 27 de maio, parte da cobertura da arena despencou por causa de fortes chuvas e mais dinheiro teve de ser investido para a reparação do toldo. Sobre o aumento no valor, a Secopa-BA limitou-se a dizer que novas exigências da Fifa não estavam previstas no orçamento inicial e surgiram ao longo da construção.
Estádio Mineirão (Belo Horizonte)
Orçamento previsto: R$ 426 milhões
Custo final: R$ 695 milhões Variação: 63,1% Estágio das obras: 100%
Tradicional estádio brasileiro, o Mineirão foi reinaugurado em 3 de fevereiro, com o clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG, e apresentou problemas, como sinalização confusa, falta de água e refluxo de esgoto nos banheiros. Eles se repetiram no último 4 de maio, durante show do ex-beatle Paul McCartney. O estádio recebe dois jogos da primeira fase e um da semifinal. Segundo a Secopa-MG, o aumento nos custos se deu por conta de obras adicionais no complexo Mineirão, em volta da arena, que não estavam na estimativa inicial.
Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro)
Orçamento previsto: R$ 705 milhões
Custo final: R$ 1,12 bilhão Variação: 58,8% Estágio das obras: 98%
Palco da final e de mais dois jogos da fase de grupos da Copa das Confederações, o Maracanã tem mais problemas na área externa e na Justiça do que nas dependências internas. As calçadas não estão finalizadas e máquinas ainda transitam no local. Trânsito, longas filas e dificuldades de acesso estiverem entre as principais reclamações da torcida quando Brasil e Inglaterra fizeram um amistoso no local. Em discurso oficial, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, culpou o "imponderável" pelo aumento de mais de 50% na obra, que recebeu 10 termos.
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