SÃO PAULO — A dois meses do prazo final para o ex-governador José Serra (PSDB) decidir se troca de partido, as legendas procuradas para construir uma aliança em torno do nome dele para a eleição presidencial em 2014 já dizem que dificilmente o tucano terá um compromisso de apoio por parte delas até outubro. Uma das condições para Serra tentar uma candidatura à Presidência fora do PSDB é ter aliados de peso, que garantam a ele competitividade, cenário cada vez mais distante.
Lideranças do PV, PSD e PTB alegam que não há como definir questões como essa um ano antes da disputa eleitoral. O partido que mais se aproxima do tucano hoje é o PPS. Serra foi convidado em abril a se filiar à sigla. Mas o PPS tem menos de um minuto no horário eleitoral, o que inviabilizaria uma candidatura solteira — sem apoio de outros partidos. Por isso, o ex-governador tem passado as últimas semanas em conversas com dirigentes partidários para avaliar as chances de alianças.
Serra tem até 5 de outubro para decidir se fica ou sai do PSDB, onde, com o avanço do senador Aécio Neves, não deverá haver espaço para ele na próxima corrida presidencial. Se permanecer no PSDB, Serra terá como opção se candidatar ao Senado ou à Câmara dos Deputados. Na primeira alternativa, é possível que tenha de brigar pela vaga. No caso de disputar uma cadeira de deputado federal, o ex-governador já ouviu a proposta de aliados, mas rechaçou prontamente. A avaliação de dirigentes tucanos é que Serra só deverá se filiar ao PPS se tiver a certeza do apoio, ao menos, do PSD.
O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, que fez o convite a Serra para se filiar à sigla, diz que a situação do amigo não é fácil.
— No máximo, o que pode haver são alguns encaminhamentos (com os potenciais partidos aliados), mas nenhuma grande definição sobre alianças é tomada um ano antes da eleição — afirmou.
Freire disse que renovou o convite a Serra após a fusão entre o PPS e o PMN fracassar. O ex-governador já esteve com outros dirigentes do PPS para tratar do cenário eleitoral de 2014. Mas a indefinição dele tem gerado reclamações. Um grupo alinhado a Marina Silva, liderado pelo secretário de comunicação do PPS de São Paulo, Maurício Huertas, encaminhou na semana passada uma carta ao dirigentes nacional do PPS cobrando prazo de 15 dias para que Serra dê uma resposta. Freire descartou essa possibilidade.
Tendência do PSD é apoio a Dilma
Segundo o ex-líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos, o partido não deverá tomar nenhuma decisão sobre esse assunto este ano.
— O José Serra sempre é um grande nome, tem consistência e representatividade e deve ser levado em consideração. Não existe, contudo, neste momento, nada fechado. O partido ainda não se definiu e há uma tendência de apoiar Dilma Rousseff. A decisão deve ser tomada apenas no início do que vem, que é o timing correto de definição de apoios — afirmou.
Em conversas reservadas, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, tem lembrado a aliados que, ao ter ocupado uma pasta no governo federal, a sigla assumiu um compromisso com a reeleição de Dilma, mas não tem descartado o apoio a Serra caso a presidente não recupere a popularidade perdida nos últimos meses. O ex-governador tem mantido contato com Kassab e, segundo aliados, encontrou-o no Hospital Sírio-Libanês, na semana passada, onde fui submetido a um cateterismo.
No PV, a situação é parecida.
Com o anúncio do ex-deputado federal Fernando Gabeira de não disputar a sucessão presidencial, o partido também decidiu que só tomará uma decisão sobre quem apoiará na disputa presidencial no início de 2014, quando o quadro eleitoral estiver mais claro. Serra almoçou com o presidente nacional da sigla, José Luiz Penna, há cerca de duas semanas na capital paulista. Segundo Penna, o tucano estava animado com as possibilidades para 2014, mas disse ainda não ter um “horizonte definido”. Além de Serra, o PV tem sido sondado por lideranças da Rede Sustentabilidade, partido da ex-senadora Marina Silva.
— A decisão do partido será tomada ano que vem. Não fomos nós que antecipamos o quadro eleitoral. Faremos a nossa agenda de conversas conforme o tempo eleitoral — afirmou Penna.
O PTB, assim como as outras siglas, só deve definir o seu apoio em 2014. Presidente nacional do partido, Benito Gama ressalta que a legenda caminha para o apoio a Dilma. É aguardado um encontro entre o tucano e lideranças do PTB para os próximos dias.
— Nós temos um compromisso com o governo federal e caminhamos para essa direção. Não há data certa para a definição de apoio, mas eu acredito que será no ano que vem — disse Gama.
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