Lula ironiza elogio de Marina ao governo de Fernando Henrique
Ex-presidente disse que antiga aliada precisa de lições de economia
Chico de Gois e Luiza Damé
-Brasília-
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ontem que a sua ex-ministra Marina Silva (PSB-AC) tome lição de economia antes de elogiar a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), presidente do país de 1995 a 2002. No início do mês, Marina afirmou que Fernando Henrique tinha dado uma contribuição importante para o país na área econômica e Lula havia marcado sua gestão pela inclusão social, mas que Dilma não tinha uma marca própria. Ontem, Lula mostrou o tamanho de sua irritação com as afirmações da ex-aliada, e disse que ela precisava se lembrar que o Brasil quebrou três vezes durante o governo do PSDB.
— A Marina precisava compreender o seguinte: ela entrou comigo no governo em 2003 e sabe que o Brasil tem hoje mais estabilidade, em todos os níveis, do que a gente tinha quando entramos. Nós herdamos do Fernando Henrique Cardoso um país muito inseguro. Aliás, não tínhamos dinheiro para pagar nossas exportações — disse o ex-presidente, desfiando ainda uma série de números sobre os dois governos.
Lula disse ainda que Marina, que deve formar uma chapa com o governador Eduardo Campos (PSB) para concorrer à Presidência ano que vem, deve procurar melhores fontes de informação na área econômica antes de falar:
— Marina precisa não aceitar com facilidade algumas lições que estão lhe dando. Precisa acompanhar com mais gente o que era o Brasil antes de nós chegarmos. Ela deve se esquecer que em 1998 a política cambial fez esse país quebrar três vezes. Acho que é importante perguntar para ver se ela se lembra.
Lula também contradisse sua ex-ministra sobre a afirmação de que falta a Dilma uma marca própria:
— O governo da presidente Dilma teve uma marca durante a campanha muito forte, que foi a razão da sua eleição: dar continuidade ao programa de inclusão social e de s envolvimento que a gente vinha fazendo. Foi isso.
Após participar do evento festivo dos 10 anos do Bolsa Família, o ex-presidente negou que Dilma esteja em campanha contínua, como acusa o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG).
— A melhor campanha dela é cumprir com as obrigações e continuar governando o país. Ela já é muito conhecida e aparece com bom destaque em todas as pesquisas. Quanto mais ela cuidar do país, melhor para ela. Os adversários é que precisam ficar conhecidos, têm de gravar programa de TV, de dar entrevista, viajar.
Perguntado se considerava mais fácil ou mais difícil uma campanha com três candidatos competitivos, afirmou:
— Se fosse o enfrentamento direto, seria melhor porque aí era um confronto de ideias direto. Pão pão, queijo queijo.
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