Marina: Campos fazia política velha e Rede lhe deu ‘substância’
Ex-senadora diz que procuraria FH e Lula; socialista minimiza crítica de aliada
Sérgio Roxo Efrem Ribeiro
SÃO PAULO E TERESINA -
Principal aliada do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para a disputa presidencial de 2014, a ex-senadora Marina Silva afirmou que o acordo político firmado pela Rede com os socialistas permite que a candidatura de Campos ganhe “um pouquinho mais de substância”, diante da ameaça de repetir as velhas práticas da política brasileira. — o governador Eduardo Campos estava construindo a sua candidatura no velho diapasão que os demais partidos estão fazendo: tentando conseguir tempo de televisão, palanque, base eleitoral. (Com a aliança) O que era uma apenas uma frágil possibilidade (de mudança de postura) agora ganha um pouquinho mais de substância com essa ação da Rede — disse Marina na segunda-feira à noite, em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura.
Ao ponderar que Campos “busca outro caminho”, Marina disse que o presidente do PSB dá “uma boa sinalização” de que está empenhado em fazer “uma discussão programática e parar um pouco aquela ideia de continuar viabilizando na lógica da aliança eleitoral” — Estou muito esperançosa de que ele está fazendo uma inflexão na sua posição, e essa inflexão, acredito, pode mudar a qualidade da política no Brasil — afirmou.
Apesar de reforçar as críticas à política de alianças dos ex-presidentes Fernando Henrique (1995-2002) e Lula (2003-2010), Marina admitiu que procuraria ambos para garantir a governabilidade, caso Campos seja eleito. Assim, diz, poria “um basta nesse terror que virou a governabilidade com base em distribuição de pedaços do Estado”. Mais uma vez perguntada se aceitaria ser vice de Campos, respondeu que o tema não está em discussão no momento.
Ela afirmou que, ao oficializar a aliança com o PSB, a candidatura do governador de Pernambuco já estava definida. Para Marina, a base de sustentação da presidente Dilma Rousseff agiu para evitar a criação da Rede. Ela citou a transformação de uma proposta de reforma política em uma lei que apenas impedia os novos partidos de ter acesso ao Fundo Partidário e ao horário eleitoral: — A maioria votou a favor dessa lei. É uma atitude casuística e antidemocrática. A entrevista de Marina não foi transmitida para todo o país pela TV Brasil, emissora pública controlada pelo governo federal, como normalmente acontece. De acordo com a TV Cultura, o sinal foi enviado normalmente.
A assessoria de imprensa da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) alega que houve um problema técnico na recepção do sinal da Cultura. Esse problema só teria sido resolvido depois de 15 minutos do início. A direção da emissora entendeu, então, que não faria sentido começar a transmissão atrasada. A EBC informou que o programa seria apresentado na íntegra na noite de ontem.
CAMPOS: PSB JÁ DEMONSTRA NOVA POLÍTICA
O governador de Pernambuco e eventual candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, comentou as declarações de Marina Silva ao programa “Roda Viva”. Em Teresina, onde foi receber o título de cidadão piauiense na Assembleia Legislativa, Eduardo Campos afirmou que já demonstra, na prática, que aderiu à nova política defendida pela ex-senadora, ao falar da decisão do PSB de entregar os cargos que ocupava no governo Dilma Rousseff. — Quando fomos entregar os cargos, isso chamou a atenção — declarou Eduardo Campos, afirmando que o PSB não tomou nenhuma decisão para que o partido entregasse os cargos que têm nas administrações do PT nos estados e cidades.
— Nos cinco estados que o PT governa, os cargos que ocupamos não deixamos porque respeitamos a dinâmica de cada lugar da mesma forma, como não orientamos que o PSB pedisse nos estados e prefeituras os cargos que o PT ocupa, porque isso é da dinâmica local e de cada lugar. Eu acho que o PSB fez o que achou certo.
Estamos felizes com a decisão que nós tomamos — declarou Campos, afirmando, ainda, que o PSB ganhou um grande reforço com o apoio da Rede Sustentabilidade: — Queremos mostrar ao Brasil as opções. Queremos um debate para mostrar como devem ser preservadas as conquistas de ontem e avançar. Marina deu um grande reforço.
Ela já disputou uma eleição nacional e em 2010 obteve 20 milhões de votos, o que levou a eleição para o segundo turno. o PSB tem os governos do Piauí, da Paraíba, do Espírito Santo, de Pernambuco e do Amapá. No Piauí, o PT continua ocupando os cargos de secretarias e diretorias no governo de Wilson Martins, do PSB.
adicionada no sistema em: 23/10/2013 01:41 |
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