Pré-sal entra na eleição
A presidente Dilma Rousseff descartou ontem fazer qualquer mudança no polêmico modelo de partilha, criado especificamente para o pré-sal e que estreou segunda-feira com o leilão do Campo de Libra. Ela considerou o certame bem-sucedido, apesar de ter apresentado apenas um consórcio, que venceu com o lance mínimo. “Aqueles que querem mudar isso mostrem as suas faces e defendam. Não atribuam ao governo o interesse em modificar qualquer coisa. O governo está satisfeito com o modelo de partilha”, afirmou.
Ela também chamou de “sólido” o grupo vencedor do leilão, liderado pela Petrobras (com 40% do consórcio) e que inclui a anglo-holandesa Shell (20%), a francesa Total (20%) e as estatais chinesas CNPC (10%) e CNOOC (10%). No dia anterior, em pronunciamento em horário nobre na tevê, Dilma deu um tom triunfal ao resultado da licitação, como largada para uma nova fase exploratória com ganhos sociais, e negou ter privatizado riqueza tão importante do país, numa clara reposta à oposição, que tenta colar no PT, o partido da presidente, a imagem de privatista que ele tanto criticou no governo Fernando Henrique Cardoso.
Em Lisboa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o leilão de Libra foi um grande salto do governo brasileiro e que o dinheiro arrecadado com a produção do petróleo será investido na educação e na saúde. “É um potencial excepcional de desenvolvimento do Brasil e o dinheiro será aplicado naquilo que está na lei”, sublinhou. Mentor de Dilma e principal cabo eleitoral dela, Lula acrescentou que algumas pessoas não reconhecem a importância do leilão “por estarmos entrando em ano eleitoral”. O governo garante que ficará com 85% do total da riqueza de Libra, sendo 15% em royalties, 18% em impostos, 41,65% do óleo excedente e 10% referentes a dividendos pagos pela Petrobras.
Oposição Em um plenário vazio, o senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) fustigou o governo ao atribuir à Dilma a maior “privatização da história brasileira”, o Campo de Libra. Ele criticou o “extremo ufanismo” da comemoração da presidente de um leilão que contou apenas com um consórcio participante e que teve ágio zero. Para ele, o leilão foi um “enorme fracasso”. “Devo dar as boas-vindas à presidente da República ao mundo das privatizações, agora no setor do petróleo. E talvez não seria favor algum o governo do PT poder orgulhar-se de dizer que fez a maior privatização de toda a história brasileira”, enfatizou.
Já o pré-candidato do PSB à Presidência, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que o modelo da partilha “precisa ser aperfeiçoado”. Ele reclamou da falta de competição. “Acho que todos os brasileiros e todas as brasileiras viram com muita decepção uma área gigante do pré-sal ser leiloada pelo preço mínimo e sob um processo pouco debatido com a sociedade”, disse. Campos colocou ainda em dúvida a aplicação imediata dos recursos obtidos com o bônus de assinatura, de R$ 15 bilhões, na saúde e na educação. Para ele, o dinheiro vai dar um alívio no frágil ajuste fiscal, devido a problemas de caixa do governo. “Isso preocupa”, emendou. (SR)
adicionada no sistema em: 23/10/2013 12:36 |
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