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quarta-feira, abril 04, 2007

CONTROLADORES DE VÔOS: MOTIM E INQUÉRITO POLICIAL MILITAR

Plano B pode incluir remanejamento de até 1.500 oficiais. [Governo quer se precaver em caso de nova paralisação dos controladores de vôo. Em casos extremos, oficial ouvido pelo Estado diz poder deslocar 60 de imediato].
O plano B que o governo diz ter em caso de nova paralisação dos controladores pode incluir o remanejamento de cerca de 1.500 militares que, segundo oficiais ouvidos pelo Estado, seriam capazes de atuar nessa função. Nem todos trabalham diretamente no monitoramento do espaço aéreo, de acordo com a avaliação desses mesmos oficiais, mas foram treinados e atuaram nos centros de controle (Cindactas). A questão é que eles acabaram migrando para outros setores, por força da carreira militar e, numa situação emergencial, poderiam passar por cursos de reciclagem e assumir os consoles dentro de um mês. Cada um dos quatro Cindactas possui, em média, 60 sargentos controladores no setor de defesa aérea, totalizando 240 profissionais. Em casos extremos, lembra outro oficial, também seria possível deslocar outros 60 praças que atuam no Grupo de Comunicação e Controle, área de suporte operacional em funcionamento nas bases aéreas de Natal (RN), Fortaleza (CE), Santa Maria e Canoas (RS). "Todos esses sargentos e suboficiais que trabalham como controladores de vôo têm a mesma formação. Por isso, a adaptação a novas funções é simples e rápida", esclarece o militar da Aeronáutica. Na visão de oficiais, a medida poderia ser implementada com sucesso, pois os únicos focos de insubordinação estão nos quartéis de Brasília, Manaus e Rio. "É uma minoria que, depois do acidente com o avião da Gol (em setembro do ano passado), começou a insuflar os demais", acusa o militar da FAB. "Por que não foram registrados motins em São Paulo, por exemplo?", questiona.
A possibilidade de remanejar oficiais chegou a ser discutida pela Alto Comando durante a operação-padrão deflagrada no ano passado por sargentos do centro de controle aéreo de Brasília (Cindacta-1). "É uma alternativa possível, sim. O que não podemos aceitar em hipótese alguma é um controlador recém-formado peitando comandantes que têm 35 de FAB (Força Aérea Brasileira)", protesta um oficial da Aeronáutica. Na prática, diz ele, o controlador que hoje exerce funções de defesa aérea teria apenas de trocar de sala. Tanto o controle da Circulação Aérea Geral - deslocamento de aeronaves civis, militares e estrangeiras - quanto o monitoramento do espaço aéreo brasileiro são feitos dentro dos quatro centros de controle (Cindactas) de Brasília, Curitiba, Recife e Manaus, só que em salas distintas.
Por questões de segurança, alguns dados repassados aos monitores da defesa aérea são restritos aos controladores envolvidos no monitoramento do espaço aéreo - os rádio, por exemplo, funcionam em freqüências diferentes. No dia-a-dia, explica outro militar, o controlador envolvido com a defesa aérea observa o comportamento dos aviões em rota, fiscaliza vôos com autorizações especiais emitidas pelo Estado Maior ou pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e coordena aeronaves em missões militares. "É muito simples: em vez de trabalhar agrupando os aviões em manobras de defesa, esses controladores teriam de se preocupar em dar um espaçamento entre as aeronaves comerciais", resume um oficial da FAB.
Na última terça-feira, 3, a Câmara aprovou uma medida provisória que cria 172 cargos de técnicos para o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) do Comando da Aeronáutica. Desse total, 137 vagas são para técnico de Defesa Aérea e Controle de Trafego Aéreo, carreira que exige nível superior. Mas não há vagas para controladores de vôo. Sobre as punições, o motim da última sexta-feira resultou em pelo menos três Inquéritos Policiais Militares (IPMs), abertos pelo Comando da Aeronáutica em Brasília, Curitiba e Recife. Um quarto IPM poderá ser instaurado ainda no Recife. A Aeronáutica está atenta a qualquer movimentação dos controladores: se decidirem voltar a parar, receberão imediatamente voz de prisão e os sargentos da Defesa Aérea assumiriam sues postos de controle. (Colaboraram Tânia Monteiro, Marcelo de Moraes e Isabel Sobral) , Bruno Tavares, SP, O Estadão.

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