Situação está fora de controle, diz sindicalistaAs lideranças sindicais dos controladores de vôo não descartam a possibilidade de novas paralisações, mesmo depois da trégua recomendada ao final da audiência de anteontem, em Brasília, com o ministro Paulo Bernardo (Planejamento). De acordo com os líderes dos controladores, eles podem parar no feriado da Páscoa, que começa hoje. “Sempre colocamos para o governo que a pressão é grande. Eles (controladores militares) podem, a qualquer momento, tomar uma atitude desvairada, ou uma atitude de confronto, mais radical, e a gente não sabe o que pode acontecer”, afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Botelho. “Está tudo fora do controle”, ele acrescentou em conversa com o Estado. Boa parte da tensão é provocada pelo fato de os controladores darem como certa a punição depois de concluídas as investigações dos inquéritos policiais militares (IPMs) abertos a pedido do Ministério Público Militar. Preocupados com a punição pelo motim de sexta-feira passada e com o recuo do governo em negociar com eles, os controladores afirmam estar “tensos e sem condições de trabalho”. Os sindicalistas que representam a categoria vêm demonstrando que o clima de nervosismo, instalado a partir das pressões nos Cindactas pelos chefes militares, tem servido apenas para aumentar o grau de radicalização dos grupos independentes. O sindicato presidido por Botelho reúne os controladores de vôo civis. Segundo ele, os civis não farão greve pelo menos até a nova assembléia, prevista para daqui 15 dias, no Rio de Janeiro. Escalado como um dos principais interlocutores dos controladores com o governo, Botelho insistiu que não é possível descartar nova paralisação. “O problema é que o pessoal que está lá (no Cindacta 1) não está atendendo a nenhum comando. Uma massa sem liderança é terrível”, advertiu o sindicalista. Ele contou que o movimento de sexta-feira não aconteceu por incentivo das lideranças, mas porque ali a situação já fugira do controle. Botelho disse que essa tensão foi relatada ao ministro Paulo Bernardo.“Os servidores militares colocaram para o ministro que foram atropelados (já na sexta-feira) pelo pessoal. Não conseguiram interferir para que não fosse realizado o motim”, relatou Botelho. Na entrevista ao Estado na tarde de ontem, em Brasília, o sindicalista reconheceu como legítima a abertura de inquérito para identificar culpados pelo motim de sexta-feira. “Mas seria bom que, pelo menos, dessem um tempo para acalmar a tensão interna, serenar os ânimos.” Botelho afirmou ainda ter recebido relato de controladores de vôo de que estão sendo intimidados por militares. Segundo ele, nem os civis que atuam em Brasília estão escapando de participar de reuniões de intimidação. “Estão fazendo reuniões em salas para falar de regulamento, dizer que vão prender, que os controladores vão para a rua. Eles ficam apavorados. Até o pessoal civil, que não fez a greve, está tendo de participar da reunião.” Ana Paula Scinocca e Expedito Filho , O Estadão.
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