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terça-feira, maio 22, 2007

EVO MORALES: [In:] MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL

Bolivianos do Leste querem dividir o país.

O atual desenho que conhecemos do mapa da Bolívia pode mudar até o final do ano, seja pela lei ou até mesmo pela força. Isso porque um dos temas discutidos atualmente pela nova Constituinte do país (cujos trabalhos devem se encerrar em agosto) é a vontade de autonomia dos Estados do Leste, liderados por Santa Cruz de la Sierra, a "locomotiva econômica" do país. Caso a autonomia não seja concedida pela lei, "eu garanto que vai ter briga", disse ao G1 Sergio Antelo, líder do movimento Nación Camba, admitindo a possibilidade de uma guerra civil entre os dois lados da Bolívia. Nación Camba é o nome do principal movimento de libertação nacional. Eles querem que a região de Santa Cruz de la Sierra, a chamada "Meia-Lua", tenha autonomia econômica e administrativa em relação ao Estado boliviano, e isso pode acontecer de duas formas: mantendo a ligação com a Bolívia ou de forma radical, separando a região e formando um novo Estado. "A Bolívia não é um país de indígenas." É desta forma, radicalmente oposta ao conhecimento tradicional sobre o país, que Antelo explica os motivos do grupo. Segundo o censo oficial, a Bolívia tem 80% da população entre indígenas e mestiços, mas Antelo diz que o governo nacional manipula os dados estatísticos e generaliza a identidade boliviana a partir do Altiplano, região de La Paz, e passa a impor uma administração inteiramente voltada para esta região, em detrimento do outro lado, a "Meia-Lua", onde a quantidade de indígenas e mestiços é perceptivelmente menor até nas ruas da sua principal cidade. "A Bolívia é um país heterogêneo. A colonização da Meia-Lua foi diferente da do Altiplano, hoje são regiões de população, economia e prioridades diferentes", disse Antelo em conversa com a reportagem do G1 puco antes do chat. Enquanto Santa Cruz é chamada de "locomotiva" econômica da Bolívia, a administração "burocrática", como diz Antelo, fica no Altiplano, que acaba não priorizando os interesses dessa região mais rica, acarretando a insatisfação generalizada. A Nación Camba diz ter mais de 400 mil assinaturas de cidadãos da região a favor da autonomia. Algumas pesquisas apontam que mais de 82% da população da Meia-Lua é a favor dessa separação administrativa. Na conversa com os leitores do G1, Antelo, que fala português, diz não ser preconceito a vontade de independência, mas apenas a aceitação das diferenças, no lugar do que ele chama de exploração da pobreza indígena no exterior como forma de "mendigar apoio". Ele defende que a Meia-Lua precisa se separar para se desenvolver, mesmo que isso signifique um empobrecimento ainda maior da Bolívia andina. G1, Daniel Buarque, de Bolívia.

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