Em audiência com Lula, na quarta-feira (16) da semana passada,
o presidente do PMDB, Michel Temer, acertou a nomeação de oito apadrinhados do partido para o segundo escalão do governo.
Entre eles o ex-prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde, indicado para a presidência da estatal Furnas. O que está em jogo? “Dinheiro”, diz o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ). Com a experiência de quem se descabelou por uma diretoria de Furnas no primeiro reinado, Jefferson anotou em seu
blog: “A briga é por dinheiro, o mesmo motivo que deflagrou o inferno que vivi em 2005. Na época, brigava-se (olha ela aí de novo!) por uma diretoria de Furnas, a de Engenharia, comandada por Dimas Toledo.
O caixa dois rendia R$ 3 milhões por mês, divididos ao meio entre o PT e o PMDB (se uma diretoria rende R$ 3 milhões, imagina a presidência da empresa?)”. Jefferson tratou do tema numa nota veiculada na última sexta-feira (18). O dia seguinte à operação em que o Ministério Público e a Polícia Federal passaram a navalha na máfia das obras públicas, comandada por Zuleido Veras, o chefão da Gautama. “Os partidos indicam políticos para cargos em estatais para fazer caixa de campanha. O PMDB sabe a importância de Furnas, por isso está brigando por ela. Se uma empresinha como essa Gautama faz um estrago desse tamanho, imagina uma gigante como Furnas”. O ex-deputado, um dos três que tiveram o mandato podado na esteira do mensalão, rememora, à sua maneira, a encrenca que viveu: “Como tudo começou? Lula não queria mais o Dimas, pediu-me que nomeasse alguém do PTB. Indiquei o nome de Francisco Spirandel, um técnico com vasta experiência. Mas Zé Dirceu queria que o Dimas continuasse. O presidente Lula cobrava, e a nomeação não saía (...).” O que mudou de 2005 para cá: “A única mudança é no modus operandi”, escreveu Roberto Jefferson, pós-graduado na escola da fisiologia: “Antes, o caixa era feito por Delúbio Soares e Marcos Valério, que o distribuía aos partidos da base; os últimos o repassavam aos deputados, em prestações mensais, em troca de apoio. Não a um programa, a uma proposta política, era toma-lá-dá-cá mesmo. Hoje, não, o PT trata da vida dele e os outros partidos também, por meio dos cargos que recebem do governo. Cada partido, agora, cuida da sua própria vida.” Cuida “da própria vida” à custa do dinheiro do contribuinte, naturalmente. “Nada mudou”, insistiu Roberto Jefferson, “a briga é por dinheiro”. Ele acrescentou: “Esse caixa [de Furnas] é tão poderoso que Michel Temer vai abafar o prestígio de Renan Calheiros no PMDB. O eixo de poder agora mudou - para a Câmara”. Curiosamente, o tricô do segundo escalão vem sendo tecido com a agulha do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), filiado ao mesmo PTB de Jefferson. Deve-se, portanto, prestar atenção à fatia que será reservada ao partido presidido pelo ex-deputado no bolo do segundo escalão. Afinal de contas, como diz o homem-bomba do mensalão, “nada mudou, a briga é por dinheiro”. Ou seja, a caneta de Lula está fabricando uma série de novos escândalos esperando para acontecer. Desnecessário lembrar, de resto, que Furnas pende do organograma do ministério das Minas e Energia, pasta chefiada por Silas Rondeau, um apadrinhado de José Sarney que a Polícia Federal acusa de ter recebido uma “zuleiriana” de R$ 100 mil. Ecoe-se, uma derradeira vez, Roberto Jefferson: “A briga é por dinheiro”.
Escrito por Josias de Souza, Folha Online. foto Folha.
Um comentário:
Se uma boa parte da classe chamada esclarecida assim também percebe, bem antes do Jefferson denunciar, não estaria passando da hora dos tribunais de contas serem extintos ou justificarem suas existências?
Temos que exigir eficácia dos controles, das auditorias e propor novas alternativas de investigações e CPIS. Com o congresso quase todo sob suspeita, sempre, - O Genuino cueca voltou a dar entevistas, o Berzoini também, daqui a pouco o Zé também vem - sugiro juntar-se o tribunal faz de contas com o ministério público para promoverem as invstigações e oferecimento das denúncias.
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