Câmara e Senado rebatem críticas de Chávez.Os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), repudiaram nesta sexta-feira (1º) as declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de que o Congresso brasileiro é "papagaio" dos EUA. Para Renan, Chávez está na "contramão" da democracia. Já Chinaglia disse que o venezuelano "errou gravemente". "Um chefe de estado que não sabe conviver com manifestações democráticas como a do Senado é porque, provavelmente, está na contramão da democracia", afirmou Renan. "Não cabe a ele (Chávez) fazer esse julgamento. O Congresso brasileiro foi eleito pelo povo e deve prestar contas ao povo", disse Chinaglia. "Chávez erra gravemente ao atribuir ao Congresso uma subordinação que não existe (aos EUA) por um outro poder, nem por qualquer poder estrangeiro", ressaltou o petista. Chávez criticou o Senado por ter aprovado requerimento contém moção contra o fechamento da RCTV pelo governo venezuelano. A moção havia sido aprovada por 15 senadores governistas e da oposição, que "se manifestaram contrários à decisão" de Chávez. Para Chávez, o Congresso brasileiro "repete como um papagaio" o que diz o Congresso americano em relação à situação venezuelana. Renan, que apareceu no Senado nesta sexta somente para rebater Chávez, afirmou ainda que a Casa não vai se manifestar oficialmente sobre as declarações do venezuelano. "Não haverá resposta oficial porque é papel do Senado reagir com indignação toda vez que em qualquer fronteira em que os valores democráticos forem abalados", disse. "Qualquer movimento contra a democracia, a liberdade de imprensa, o Senado repudiará", ressaltou. O G1 apurou ainda que a declaração do presidente Venezuelano foi recebida com desagrado pelo Itamaraty porque considera inadequados os termos utilizados contra o Congresso e o governo brasileiro. Antes de Renan, outros senadores também repudiaram Chávez. O primeiro foi o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI), que, em plenário, considerou um "desrespeito" a afirmação do venezuelano. "Tenho pena do pacato e bom povo da Venezuela. Se toda essa pirotecnia do sr. Hugo Chávez fosse em benefício das melhorias sociais daquele povo, da diminuição dos desequilíbrios sociais daquela gente até que se justificaria, mas é uma pirotecnia que beira o rumo da paranóia", disse Fortes. "O sr. Hugo Chávez, depois de interferir no Judiciário venezuelano, de garrotear o parlamento venezuelano e de alterar a Constituição, possibilitando reeleições infinitamente, quer agora atingir e agredir os países vizinhos", ressaltou. "Faço este registro lamentando o desrespeito desse aprendiz de ditador", disse Heráclito. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), também comentou as declarações do presidente da Venezuela. "É preciso entender que todos os países são independentes. O Congresso brasileiro tem o direito e o dever de zelar pela democracia na América do Sul", disse. "O Congresso representa a autonomia do povo brasileiro. Não representa nenhum país, muito menos os EUA". Outro senador que falou sobre o assunto foi Valter Pereira (PMDB-MS). "Nós temos a liberdade de imprensa com um patrimônio universal. E os congressistas não podem abrir mão disso", disse. Segundo o presidente da Venezuela, "no Congresso do Brasil, lamentavelmente dominam os partidos de direita, então assistimos a uma declaração (do Senado) me instando a devolver a concessão àquela emissora". G1, Leandro Colon, Brasília.
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