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terça-feira, junho 19, 2007

RENAN CALHEIROS & OLAVO CALHEIROS [In:] MILHAGRE DOS PEIXES


Renan e irmão embaralham negócios.

As declarações de Imposto de Renda do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e de seu irmão, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), referentes aos anos de 2003 a 2006, revelam que os dois políticos são verdadeiros homens de negócios que costumam realizar transações entre si, em uma simbiose que pode causar confusão nos desavisados. Obtidas pelo Estado, as declarações demonstram que, quando se trata de adquirir patrimônio, os dois são a mesma entidade. De acordo com as declarações, pelo valor de R$ 300 mil, Renan comprou a Fazenda Furquilha, localizada em Murici, município natal dos Calheiros. Os vendedores foram o próprio Olavo e Ana Weruska Maria Cerqueira Calheiros, cunhada do presidente do Senado. Em contrapartida, Olavo arrendou a Fazenda Bananeira, conforme certidão expedida pelo Cartório de Murici, mas abriu mão para que Renan a explorasse, segundo consta da declaração de renda do ano de 2006. Juntos, conforme as declarações até 2006, os dois teriam 2.601 hectares. O deputado tem em seu nome as Fazendas Boa Vista, Santo Aleixo, Bananeira e Capoeirão. Já o senador Renan, entre compras e arrendamentos, conta com as Fazendas Furquilha, Novo Largo, Alagoas, Santa Rosa, Vale da Serra e ainda explora a Fazenda Bananeira em parceria com o irmão. “Olavo é, na verdade, totem da sujeira do Renan. O patrimônio declarado dele é superior ao do irmão”, diz o ex-deputado Mendonça Neto, que lançou Renan na vida política. Para o clã dos Calheiros não vale a “lei de Murici”, onde cada um cuida de si. Sob a rubrica “exploração”, Renan declara que atua na Fazenda Bananeira ao lado do irmão. Rica em símbolos, a relação dos irmãos já levou o patrimônio de Olavo a crescer de forma espetacular. Na declaração de renda de 1997, ele informava possuir duas salas comerciais, uma perua Hilux e 2.254 cabeças de gado. Tudo que tinha sob a lupa do leão da Receita era um patrimônio de R$ 51 mil. Mas a vida política foi generosa com o irmão de Renan. Seu patrimônio explodiu, mesmo levando em conta que os valores dos bens declarados estão mais para uma pechincha do que para a realidade do mercado. Numa soma conservadora, ele declarou que em 2006 acumulou uma fortuna de R$ 3.995.906. Para ter uma idéia de quanto os valores estão subestimados, o deputado declarou que adquiriu a Fazenda Capoeirão, de 350 hectares, por apenas R$ 30 mil. Segundo cálculos de especialistas do mercado, o preço, na época, seria de R$ 1,7 milhão. A fazenda foi comprada com créditos trabalhistas devidos pela Usina Bititinga. O sucesso de Renan é equivalente. Uma de suas compras foi a Fazenda Alagoas, de 518 hectares, no município de Flexeira. O senador a adquiriu de seu amigo Tito Uchoa - apontado como a parte visível de muitos de seus negócios alagoanos. 2004 foi um ano de grandes aquisições e vendas para Renan. Ele vendeu, por exemplo, uma casa no Lago Sul, em Brasília, por R$ 600 mil. Na área de compras, além da Fazenda Alagoas do amigo Uchoa, comprou uma casa na Barra de São Miguel por R$ 300 mil. Entre os documentos que Renan usou para instruir sua defesa constam recibos de venda de gado que apresentam o mesmo cheque para justificar compras distintas. A revelação foi feita pelo jornal O Globo, em sua edição de ontem. Além dessa incoerência, há na documentação apresentada pelo presidente do Senado casos de erros de digitação e de números de CNPJ trocados ou pertencentes a outra empresa. Estadão, Expedito Filho, Maceió. Foto matéria.

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