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quarta-feira, julho 04, 2007
RENAN CALHEIROS: "ERROR", TENTE MAIS TARDE (2018)
Na avaliação da cúpula do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cometeu um grave erro político ao tentar enterrar a investigação no Conselho de Ética da Casa e remetê-la ao STF (Supremo Tribunal Federal). Teria sido melhor, na visão do Palácio do Planalto, que Renan enfrentasse todas as suspeitas no conselho desde o começo de sua crise. O presidente do Senado tentou uma jogada de altíssimo risco com Leomar Quintanilha (PMDB-TO), senador sob suspeita de desvio de recursos públicos e um apagado sabujo que Renan colocou no comando do conselho com apoio do PT. Quintanilha remeteu o processo do conselho de ética para a Mesa do Senado na esperança de que ela encaminhasse o caso para o STF. Se tomada tal decisão, ela seria submetida a confirmação no plenário do Senado. O peemedebista contava com eventual votação secreta e solidariedade da maioria da Casa para escapar. Renan sabia que essa estratégia trazia o risco de perda do apoio envergonhado do PSDB, sobretudo do líder do partido na Casa, Arthur Virgílio (AM). E poderia afastar de vez figuras do campo governista, como os senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Eduardo Suplicy (PT-SP). No entanto, se tivesse dado certo, valeria a pena. Desgastado, Renan supôs que conseguiria se arrastar no comando do Senado. Apostaria na lentidão da Justiça e na falta de coragem da maioria dos senadores para afastá-lo do posto. Como o tiro saiu pela culatra, ele perdeu o suporte do PSDB e de parte da base governista. Sua situação política piorou. Nesse contexto, o Planalto avalia que, se tivesse conduzido tudo no conselho sem apostar em manobras protelatórias, a situação de Renan seria melhor. Mas aí aparece outro nó. No conselho, Renan já não teria de responder apenas pela ligação com o lobista da empreiteira Mendes Júnior, Cláudio Gontijo, mas também pela documentação sobre suas transações com gado. Por ora, não há prova de que Renan usou dinheiro do lobista ou da construtora para quitar suas despesas pessoais. Essa suspeita não seria suficiente, com os dados de hoje, para justificar uma cassação. No máximo, resultaria numa advertência pela impropriedade de um presidente de poder recorrer a um lobista. Já as transações com gado são o calcanhar-de-aquiles de Renan. A perícia inicial da PF (Polícia Federal) apontou furos na documentação que o peemedebista apresentou para justificar que teria renda suficiente a fim de pagar despesas de natureza pessoal. Uma análise mais detida da polícia tende a encontrar verdadeiros rombos nessa documentação. A partir de agora, a estratégia de sobrevivência do presidente do Senado deverá se concentrar na tentativa de impedir a análise dos documentos das transações com gado. Problema: a "trapalhada Quintanilha" elevou o grau de impaciência do Senado com o seu comandante. Dificilmente, o Conselho de Ética se limitará a analisar a relação de Renan com Gontijo, objeto do requerimento que o PSOL apresentou ao órgão. Mesmo assim, o Palácio do Planalto acredita que a única chance de salvação de Renan é esclarecer tudo no conselho, sem trapaças no Congresso, sem chicanas na Justiça. Mais: não haverá operação política do governo para salvá-lo. No Planalto, diz-se que a solidariedade de Lula e dos ministros a Renan se dá "no plano da pessoa física". KENNEDY ALENCAR, Colunista da Folha Online. Chargista, Ique.
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